sexta-feira, 25 de julho de 2008

Recordando Afonso de Albuquerque

Terminei a minha leitura da obra intitulada Afonso de Albuquerque – O Leão dos Mares da Ásia, da historiadora Geneviève Bouchoun. Apesar da existência de várias biografias de Afonso de Albuquerque (1460-1515) em língua portuguesa, estas já se encontravam desactualizadas “devido aos notáveis progressos que a investigação no domínio específico da história indo-portuguesa tem conhecido nos últimos vinte anos”[1]. Além disso, como a autora referiu no prólogo, não existia nenhuma biografia em língua francesa consagrada a Afonso de Albuquerque.
Até à leitura desta obra, o que eu conhecia deste português resumia-se ao que aprendera na escola e em alguns programas de divulgação históricos. Esta obra contribuiu para o preenchimento dessa lacuna no meu conhecimento. Assim, fiquei a conhecer quem foi este Afonso de Albuquerque que havia prestado serviços à coroa e como recompensa recebera o posto de capitão-mor de uma frota da Índia. Para aí foi enviado com uma missão, de tornar-se Governador, trabalhar no sentido do projecto imperial manuelino, implantando o cristianismo por onde passasse.
Neste livro encontrei inúmeras descrições das batalhas realizadas por este bravo lusitano, dos sucessos e insucessos que daí resultaram, e de como fundou feitorias e cidades. A sua personalidade deveu-se à sua educação por pertencer a uma das mais nobres famílias do reino, ter adquirido treino de cavalaria e seguido carreira de armas e ter ouvido os feitos épicos de Alexandre e César. Também não faltam referências às intrigas vividas entre os líderes vizinhos dos vários territórios colonizados, assim como as existentes entre os próprios homens de Afonso. Entre guerras, intrigas e outros tantos dissabores, não foi fácil levar avante o projecto estipulado. Mas Afonso não era homem de desistir e até à sua morte continuou a zelar pela sua missão:

“Quando, por sua vez, foi atingido em Agosto, tratou o seu mal com desprezo, e quando obrigado a recolher à câmara durante onze dias seguidos, os trabalhos afrouxaram. Então, mandou levar a cama para junto de uma janela baixa, que dava para as obras, e daí continuou a dar ânimo aos homens.”[2]

Actualmente tem-se falado que é necessário que os Portugueses se tornem mais empreendedores, recordando a época em que o nosso povo se questionou sobre o que haveria para lá do Oceano e se lançou ao mar em grandes navios. É verdade que fomos pioneiros dos descobrimentos, mas na minha opinião, tão mais prioritário que ousar ou arriscar, é estar pronto em qualquer altura para arregaçar as mangas e trabalhar:

“O rei de Cochim vinha frequentemente observar os progressos da fortaleza. Maravilhava-se com a diligência dos Portugueses, mas não deixavam de o escandalizar esses «homens-faz-tudo» (como dizia), que participavam, todos, activamente nas obras, sem preocupação de hierarquia ou especialização.”[3]

Que nós, Portugueses contemporâneos, caminhemos em frente, tendo como modelo este valente lusitano renascentista, e que consigamos também nós fazer singrar os nossos projectos, ousando e lutando perante as adversidades que possamos encontrar.


[1] Bouchon, G., Afonso de Albuquerque – O Leão dos Mares da Ásia, 2ª edição, Quetzal Editores, Lisboa, 2000, p. 14 – Tradução de Isabel de Faria e Albuquerque
[2] Idem – p. 300
[3] Ibidem – p.65

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Jules Verne - Obras pouco divulgadas I


Jules Verne (1828-1905), ou Júlio Verne em português, foi um escritor francês considerado por críticos como o precursor do género de ficção científica. De facto, conseguiu prever nos seus livros avanços científicos como o submarino ou viagens à lua.
Quando se fala nas obras de Jules Verne, há sempre umas quantas que nos vêm à memória: Viagem ao Centro da Terra, Volta ao Mundo em 80 dias, Vinte Mil Léguas Submarinas, Da Terra à Lua ou A Ilha Misteriosa. No entanto, muitas outras são as obras escritas por Jules Verne e que apesar de tão boas ou melhores que as anteriores, nem por isso são tão divulgadas. Tenciono, pois, falar de algumas destas obras, e hoje debruçar-me-ei sobre o livro intitulado Clovis Dardentor.
Neste livro ficamos a conhecer as personagens Marçal e João que embarcam numa viagem de barco (o Argèlès) para Oran, Argélia, com o intuito de se alistarem no 5º Regimento. É durante a viagem que travam conhecimento com as outras personagens como a desagradável família Desirandelle, o imensamente misterioso Eustáquio Oriental e Clovis Dardentor, personagem em torno da qual se desenvolve o enredo.
Sendo Dardentor um abastado industrial sem herdeiros, Marçal e João tentam colocar em acção um elaborado plano para conquistarem algum do dinheiro ao recente amigo. O plano engendrado consiste em salvar Dardentor de um perigo de vida real, e se tal acontecer, diz a lei que Dardentor terá de adoptar os seus salvadores. Mas tal como acontece no mundo real a vida é irónica, dá muitas voltas e nem tudo se desenvolve como planeado. O mesmo acontece neste magnífico enredo que tenta equilibrar as derrotas e as quase-vitórias de Marçal e João.
Qualquer tentativa de desvendar o final à medida que se vai lendo o livro é inglória, pois o final é surpreendente e ficamos a conhecer a verdade sobre quem é na verdade o Eustáquio Oriental.
Esta magna obra é constituída de aventura, acção, romance e humor. Sem dúvida, um dos melhores livros que li até hoje.

“Marçal Lornans e João Taconnat eram primos co-irmãos por parte de suas mães, que eram irmãs. Parisienses de nascimento, órfãos de pai desde muito pequenos, tinham sido educados com grandes dificuldades de dinheiro. [...] Muito unidos, como se fossem dois irmãos, tinham um pelo outro a mais profunda afeição, uma amizade que coisa nenhuma seria capaz de quebrar, embora entre os dois existisse uma extraordinária divergência de caracteres.” (1)

(1) Verne, Jules; Clovis Dardentor, Colecção Júlio Verne, Livraria Bertrand, Lisboa, 1979 (p. 26).

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Cruzeiro Observação de Aves

Hoje ao caminhar no Parque das Nações reparei numa nova actividade da qual podemos usufruir, sendo esta não apenas de lazer, mas também de relevância cultural. Refiro-me a um Cruzeiro de Observação de Aves do estuário do Tejo.

Diz o folheto o seguinte:

"Embarque no Varino "Castro Júnior" até à Aldeia Palafita dos avieiros da Póvoa de Stª Iria e observe os flamingos, colhereiros e muitas outras aves do estuário do Tejo."

Horário:

Terça a Sexta - 15H
Sábado / Domingo - 11H e 15H

Duração:

Cerca de 3 horas

Preçário:

Adulto - 21€
Crianças - Grátis
Estudantes, séniores, Grupos (+ de 4) e cliente fidelizado - 14€

Como lá chegar? É fácil. Saiam do Centro Comercial Vasco da Gama em direcção ao rio Tejo e é sempre em frente até ao rio.

NaturaObserva

A Cascais Natura - Agência Municipal de Ambiente, promove um programa de voluntariado jovem (entre os 16 e 30 anos) na área do ambiente e da preservação da natureza, designado de NaturaObserva.
Existem seis projectos do NaturaObserva 2008 a funcionar num regime quinzenal de 16 de Julho a 30 de Setembro de 2008:
Projecto Germina (banco genético vegetal autóctone): montagem de um viveiro florestal para propagação de plantas de espécies arbóreas e arbustivas distintas autóctones no PNSC (1); identificação e referenciação de núcleos de vegetação autóctone com interesse de conservação; recolha de sementes e bolotas desses exemplares.
Projecto Guarda-Rios (vigilância de ribeiras): monotorização e caracterização da vegetação ao longo dos cursos de água e suas margens; análise de qualidade de água e solo.
Projecto Javali (trabalhos florestais): controlo de espécies invasoras; desramação em árvores resinosas; podas de formação em árvores folhosas; rega de árvores.
Projecto Gaio (Vigilância da floresta): apoio na vigilância aos incêndios florestais com percursos de BTT em áreas sensíveis do PNSC; observação e registo de avifauna; informação e sensibilização ambiental aos visitantes do PNSC.
Projecto Raposa (pequenas e grandes rotas): instalação de sinalética em locais de interesse biológico, geológico e/ou arquitectónico; manutenção dos percursos pedestres e cicláveis do PNSC; detecção de inconformidades.
Projecto Coruja (recuperação do património arquitectónico): trabalhos de limpeza e desmatação; desenho etnográfico; levantamento fotográfico das estruturas; pesquisa arqueológica.
Mais informações em: http://www.cascaisnatura.org/
Fonte: Caderno de divulgação ObservaNatura - Voluntariado jovem, monitirização ambiental, preservação da natureza.
(1) PNSC - Parque Natural Sintra-Cascais

quarta-feira, 9 de julho de 2008

terça-feira, 8 de julho de 2008

Evolução e Charles Darwin I

Celebra-se em 2009 os 200 anos do nascimento de Charles Darwin, e os 150 anos da publicação da sua obra mais emblemática, “A Origem das Espécies”.
O armariumlibri irá escrever mais sobre este tema e deixará algumas sugestões de leitura sobre o tema Evolução.




Livros técnicos:

D. J. Futuyma, Evolutionary Biology, Sunderland, Massachusetts, Sinauer

Divulgação:

Augusta Gaspar (Coordenação), Clara Pinto Correia (Prefácio) Teresa Avelar, Frederico Almada, Augusta Gaspar, Octávio Mateus (Colaboração), Evolução e Criacionismo – Uma relação impossível, Edições Quasi, 2007

Teresa Avelar, Margarida Matos, Carla Rego, Quem tem medo de Charles Darwin? Relógio D’Água, 2004

Fontes:

On the origins of species
The Descent of Man

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Lisboa antes do Terramoto

O Terramoto de 1755 é um acontecimento que faz parte da História de Portugal, tendo tido grandes repercursões ao longo do nosso País. Há inúmeros relatos do século XVIII sobre como foi sentido e vivido este desastre natural, não só em Portugal como noutros Países da Europa (tal a força da natureza); também posteriormente muito tem sido escrito sobre esta época, desde ensaios, estudos históricos até romances.


O Gabinete de Estudos Olisiponenses está a realizar um levantamento da população até ao ano do terramoto, recorrendo a registos de casamentos, baptizados e óbitos, e encontra-se a estudar "indicadores demográficos como a infertilidade, ou a idade média de casamento".(1) Revela a mesma fonte que "das 34 freguesias pré-pombalinas, já estão identificados os habitantes de três".(1)
Se pretenderem pesquisar estes dados, podem dirigir-se ao seguinte site:
http://geo.cm-lisboa.pt/



(1) Jornal Gratuito, Meia Hora, Lisboa, Ano II, Número 231, 1 de Julho de 2008