quinta-feira, 29 de setembro de 2011

"Não podemos ver o vento"


Hoje estive no lançamento do livro "Não podemos ver o vento", da Professora Clara Pinto Correia, nossa colaboradora noutros blogues. Esta sessão decorreu na livraria Bertrand, do Shopping das Amoreiras, e a apresentação esteve a cargo do escritor Mário de Carvalho. De seguida, a autora falou do conteúdo do seu livro e do percurso da criação do mesmo. Vou ler o livro e, brevemente, darei a minha opinião neste blog.
De salientar que conheci o Mário Zambujal, um escritor que admiro e autor do livro "Crónica dos Bons Malandros" - um livro cuja leitura é um autêntico prazer e que está entre um dos meus favoritos.

domingo, 25 de setembro de 2011

Pilotos de Ciência


Teve lugar na passada semana de 12-16 de Setembro, em Trieste (Itália) e Ljubljana (Eslovénia), o primeiro Pilots Training Course forMuseum Explainers, Educators and Young Scientists involved in outreachprogrammes. Esta foi uma interessante formação dirigida a todos aqueles que trabalham em comunicação de ciência, mas particularmente àqueles que estão associados a centros ou museus de ciência. O curso foi organizado pelo grupo THE GROUP (Thematic Human interface and Explainers), que faz parte da organização ECSITE (The European Network of Science Centresand Museums) e que se dedica particularmente aos monitores de ciência, desde a sua formação até à sua valorização nos locais de trabalho, que podem ser tão variados como: centros interativos de ciência, museus de história natural, zoos, aquários, empresas de atividades educativas, etc. Tive a oportunidade de, graças a uma bolsa Grundtvig da Agência Nacional PROALV, assistir a este curso e foi uma experiência marcante.

Embora pareça ser uma comunidade variada, variável e heterogénea, os monitores de ciência, ou “pilotos” (a designação que usámos durante o curso,) partilham muitas características, independentemente do seu país de origem, background, local de trabalho ou designação que lhe atribuem (monitor, explicador, guia, demonstrador, facilitador, etc.). Isto mesmo se pôde verificar no primeiro workshop do curso, onde debatemos e expressamos artisticamente o que era um monitor de ciência. Estes foram alguns dos resultados:

Scinamator -o resultado artístico do meu grupo de trabalho.


Mapa conceptual sobre as competências dos monitores.


 No segundo dia do curso, debatemos e trabalhamos acerca da aprendizagem, tema sempre presente na comunicação de ciência. Será que os visitantes de um centro de ciência aprendem alguma coisa? O quê? E o que é que queremos que eles aprendam, na verdade? Eu gostei particularmente da abordagem da Maria Xanthoudaki, directora dos Serviços Educativos e Relações Internacionais do Museo Nazionale della Scienza e della Tecnologia Leonardo da Vinci(Museu Nacional da Ciência e Tecnologia) em Milão: quero que o visitante saia do museu levando algo de novo dentro de si. Esse “algo novo” pode não ser necessariamente um conhecimento científico, pode ser só uma sensação, pode ser o desejo de ir em busca de alguma informação nova sobre algum tema que desconhecia, … Esta aproximação à problemática parece-me muito interessante porque é também aquilo que me leva a ser comunicadora de ciência. Não é necessariamente a transmissão de novos conhecimentos aos meus receptores (embora também o seja), mas é sobretudo querer marcá-los de alguma forma, transformá-los nalgum aspeto e, assim, mudar a sua percepção em relação à ciência e o fascínio da descoberta.

Ao terceiro dia, o curso mudou-se de malas e bagagens para Ljubljana, na Eslovénia. Aí, tivemos a oportunidade de conhecer o Hišaeksperimentov (A Casa das Experiências) e o excelente trabalho que aí fazem no âmbito, entre outros, dos shows de ciência: animadas demonstrações de ciência (ou aventuras de ciência, como lhes chamam no Hiša) que podem ser dirigidas a distintos públicos, dos 8 aos 80. Assistimos ao famoso Soundology, uma aventura com o som.
Este grande pequeno centro de ciência “mãos-na-mass”, único na Eslovénia, nasce em 1995 fruto da vontade e persistência do seu director,  Miha Kos, doutorado em Física. O seu lema é este provérbio chinês: "Eu ouvi e esqueci, eu vi e recordei, eu fiz e então soube” e tem uma bela equipa a trabalhar não só no centro mas também por todo o país. Podem ver o Miha em acção aqui, durante o Festival de Ciência em Ljubljana:




Se forem a Ljubljana, esta é uma visita obrigatória.

Outro tema muito trabalhado no curso foram as actividades de diálogo/debate. Como levar o público a um debate sobre ciência? Como levar os visitantes de um centro/museu a dialogar acerca daquilo que estão a observar ou a experimentar. Como em muitas outras situações deste género, o melhor é usar um “isco” com que as pessoas de relacionem de forma muito próxima: algo do seu dia-a-dia ou das suas memórias de infância. Um exemplo: uma figura da banda-desenhada. É relativamente fácil pegar na imagem de um super-herói ou outra figura da cultura popular como ponto de partida para um debate/conversa sobre ciência. Na Universcience – Cité des Science & de l’Industrie(Cidade das Ciências e Indústria) em Paris, fizeram isto mesmo à volta da exposição Science [et] Fiction(Ciência e Ficção), utilizando como ponto de partida imagens de banda-desenhada de ficção científica, incluindo a Guerra das Estrelas. Thiérry Dasse, mostrou-nos parte da divertida actividade prática que desenvolveu para essa exposição:

O Thiérry a ponto de demonstrar como funciona a transmissão do som.


E, esta, foi também uma forma muito importante de aprender: a partilha de experiências por parte dos participantes. Nas duas sessões Pilots Piloting, tivemos a oportunidade de partilhar demonstrações, shows, ou “simplesmente” falar um pouco acerca do trabalho que se faz na instituição de origem, de uma ideia para uma actividade ou para a formação e motivação dos monitores. Nesta vertente, o treino teatral saiu vencedor como um excelente ponto de partida para facilitar a abordagem dos monitores ao público, o à-vontade dos monitores e até a introdução de algum humor na nossa comunicação.
Como não podia deixar de ser, abordámos também a sempre difícil avaliação. Como saber que estamos a atingir os nossos objectivos? Este tema foi tratado tanto a nível da avaliação institucional como dos monitores, de uma forma mais específica. Como trabalho de grupo (um de muitos), deveríamos planificar um formulário de avaliação para diferentes actividades, tarefa que se revelou bem mais difícil do que à partida aparentava.

Resumindo, esta é uma formação que me parece de interesse fundamental para todos aqueles que trabalham com público em diferentes instituições onde se faz divulgação científica. Para quem estiver interessado, estejam atentos ao site da ECSITE e às conferências anuais, onde há sempre dois dias de formação prática para monitores (e outras formações direccionadas a outros aspectos das instituições, como a obtenção de financiamento, por exemplo). A próxima conferência será no final do mês de Maio de 2012, em Toulouse (França). Se são monitores e querem partilhar experiências com colegas de todo o mundo, podem também unir-se à comunidade Pilots, através do Pilots Hub!

Cá fica, para a posteridade, a foto do grupo internacional e multi-cultural que participou nesta formação:


sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Noite Europeia dos Investigadores 2011


Hoje celebra-se, em 320 cidades de 32 países europeus, a  "Noite Europeia dos Investigadores - 2011", mais uma acção de divulgação científica que pretende aproximar a ciência e o público. Haverá espectáculos e actividades experimentais para as pessoas realizarem. Aproveitem. É gratuito.
Alguns dos colaboradores deste blog estarão como monitores no Porto. Também eu, este ano, estarei na Invicta, na secção do Museu de História Natural e no Espaço Europeu. Nos últimos dois anos estive em Lisboa e valeu a pena, mas este ano o programa vai ser ainda melhor na capital. No entanto, quem não puder visitar Lisboa ou Porto, poderão procurar por estas iniciativas numa cidade mais perto de si.

Mais informações:
- Programa em Lisboa, no Pavilhão do Conhecimento (Expo): http://www.pavconhecimento.pt/visite-nos/programacao/detalhe.asp?id_obj=914
- Programa no Porto: http://nei2011.eu/2011/09/2178/
- Informação no site Português (pode encontrar o programa nas várias cidades portuguesas, em locais): http://nei2011.eu/oque/

Ver apresentação:


domingo, 4 de setembro de 2011

AS VACINAS SÃO SEGURAS




aqui escrevemos sobre uma tendência crescente que se vive nalgumas sociedades ocidentais, e que se está a expandir a Portugal, contra a vacinação das crianças.
Como se não fossem suficientes as vozes da maioria dos médicos a alertar para as falácias e os perigos que esse movimento anti-vacina representa para a saúde pública, saiu esta semana um relatório do Instituto Americano de Medicina que, uma vez mais, conclui que as vacinas são seguras! As vacinas não causam autismo nem diabetes!
Foram revistas oito vacinas: rubéola, gripe, hepatite B, HPV (Vírus do Papiloma Humano), difteria, tétano e tosse convulsa, VASPR (sarampo/rubéola/papeira), hepatite A e doença meningocócica C.
Este relatório foi encomendado pelo Governo Americano precisamente devido ao preocupante número de pais que se recusam a vacinar os seus filhos neste país. No já referido post, mencionávamos casos semelhantes em Portugal, embora a motivação para a recusa seja algo diferente. Nos EUA existe um movimento de pressão anti-vacina que afirma, entre outras coisas, que os adjuvantes utilizados na vacina VASPR provocavam autismo nos bebés (o adjuvante é a substância adicionada ao antigénio da vacina com o objectivo de aumentar a sua eficácia). Esta afirmação surge de um estudo fraudulento publicado por Andrew Wakefield em 1998 na revisa Lancet, que foi retratado e repetidas vezes refutado por inúmeros investigadores nos anos seguintes (um resumo da história pode ser lido aqui). No entanto, o facto de algumas figuras mediáticas aderirem ao movimento levou a que se perpetuassem até hoje esta perigosa ideia. Em Portugal, parece que o motivo para a não vacinação está mais relacionado com a convicção de que métodos ditos “alternativos” podem ser usados, nomeadamente a homeopatia. Deixaremos esta temática da homeopatia para um outro post, uma vez que merece ser tratada e explicada detalhadamente por si só.
E porque é que é perigoso este movimento anti-vacina? Primeiro, porque as vacinas são a medida de saúde pública que mais vidas salva, sendo apenas superada pela introdução de água potável nas populações! (1) E, segundo, porque a não vacinação de uma criança, não põe em risco “só” a sua vida, mas também a daquelas que a rodeiam, visto poder vir a ser um foco de infecção. Veja-se por exemplo o caso da rubéola: esta doença estava considerada como eliminada dos países ocidentais e aparecem agora de novo surtos. O mesmo está a acontecer com o sarampo.
Há também a ideia errónea de que estas doenças, a rubéola e o sarampo, não são realmente perigosas. Pois perguntem aos vossos avós! Talvez os jovens pais não tenham tido essa vivência próxima, mas o sarampo e a rubéola são perigosos e podem matar, dependendo da idade em que surgem e do estado imunológico do paciente! E os nossos avós sabem disso, visto que muitos deles perderam filhos para doenças infecciosas que hoje nem mencionamos porque, devido às vacinas, praticamente desapareceram.

(1) Plotkin, S. A., Orenstein, W. A., Offit, P. A.(2008).Vaccines. Elsevier, 1748pp.


NOTA: Para mais informação e para esclarecer todas a dúvidas, pode-se consultar o portal português sobre vacinas, desenvolvido em colaboração com vários peritos nacionais de diferentes áreas científicas e cujo objectivo é, em parte, responder a lacunas de informação que foram evidenciadas num estudo realizado nas zonas da Grande Lisboa e Grande Porto. [Este estudo revelou, por exemplo, que um terço da população não sabe que há vacinas inseridas no Programa Nacional de Vacinação (PNV), que devem ser tomadas ao longo da vida.]