quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Soeiro Pereira Gomes - 100 anos de memória

Se o escritor e militante comunista Joaquim Soeiro Pereira Gomes fosse vivo, completava 100 anos a 14 de Abril deste ano. O Armarium Libri vai continuar a publicar textos sobre a vida do escritor e militante social, como tem feito desde o ano passado, juntando-se neste pequeno contributo àqueles que também divulgam a sua memória. Pereira Gomes era natural de Gestaçô, concelho de Baião e distrito do Porto. Estudou na Escola Nacional de Agricultura de Coimbra e, diplomado, partiu para Angola nos anos '30. Regressado, fixou-se em Alhandra e empregou-se nos escritórios da Fábrica Cimentos Tejo. A partir dessa época e com a participação frequente da esposa (Manuela Reis) interveio na vida social e cultural da vila. Foi militante do Partido Comunista Português, mas é mais conhecido como autor da novela Esteiros, sobre "os filhos dos homens que nunca foram meninos", uma história que aborda os aspectos da pobreza infantil e da injustiça social nos anos '30. Considerado um dos melhores livros portugueses de sempre ainda hoje é lido e estudado na escolas, no âmbito da Língua Portuguesa. Da sua vida pode sobretudo retirar-se o exemplo de um homem que agiu desinteressadamente a favor de uma sociedade mais justa e fraterna. Por isso continua tão viva a sua memória entre nós. Soeiro Pereira Gomes faleceu em 1949.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Celebrando Darwin – III

É já amanhã, sexta-feira, dia 13 de Fevereiro, que se irá realizar a conferência “Darwin: Discovering the Tree of Life”[1], por Niles Eldredge, na Fundação Calouste Gulbenkian, auditório 2, às 18 horas. Haverá tradução simultânea.

[1] “Darwin, À Descoberta da Árvore da Vida”

Celebrando Darwin – II

Como biólogo, fico satisfeito pelo destaque que tem sido dado a esta comemoração dos 200 anos do nascimento de Darwin e dos 150 anos de “A Origem das Espécies”.
No início da semana constatei que Darwin e a Evolução figuravam na capa das revistas “Super Interessante” – Nº 130, e na “National Geographic - Portugal”, ambas de Fevereiro de 2009.
Hoje, também nos jornais encontramos referências a Darwin. O Jornal de Notícias apesar de dedicar apenas um pequeno canto da capa à efeméride, entrega as páginas centrais à teoria e à exposição “A evolução de Darwin”, na Fundação Calouste Gulbenkian, cuja inauguração é hoje. Em oposição, tanto o Diário de Notícias como o Público fazem de Darwin e da sua teoria da Evolução capa do jornal. O Diário de Notícias sintetiza-nos a vida de Darwin e o seu legado nas páginas centrais, sendo que é o Público, dos três jornais, que mais destaque dá tanto à vida de Darwin, como à exposição na Gulbenkian.
Deixo aqui a sugestão, para que visitem a exposição “A Evolução de Darwin”, patente na Fundação Calouste Gulbenkian, de 12 de Fevereiro a 24 de Maio de 2009, assim como todas as outras iniciativas a realizar pelo país, e que tentaremos aqui divulgá-las.

Celebrando Darwin - I

De vez em quando no site http://www.sapo.pt/ são colocados inquéritos interessantes. Hoje, no dia da celebração dos 200 anos do nascimento de Darwin e 150 anos da publicação de “A Origem das Espécies”, é colocada a seguinte questão, “Faz hoje 200 anos que nasceu Charles Darwin. Sabe qual foi o contributo que deu para a Ciência?”

Até agora (13h55min), os resultados são os seguintes:

Sim: 8941 (67%)
Sim mas não partilho a tese de Darwin: 1025 (8%)
Não: 3372 (25%)

As estatísticas valem o que valem, mas podemos tirar daqui algumas conclusões. Olhando para os valores acima enunciados, constatamos que a maior parte da população (67%) encontra-se informada, e que é necessária uma maior divulgação para elucidar os restantes 33% sobre o que trata a obra de Darwin.
Sendo uma das missões deste blog contribuir para a cultura, é nosso objectivo fornecer informação aos leitores sobre esta importante temática que é a evolução. Tentaremos aqui publicar textos simples, mas simultaneamente elucidativos, sobre Darwin e a evolução, assim como divulgar as inúmeras iniciativas que se realizarão ao longo do ano em Portugal, sejam conferências, exposições, ou outras diversas.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Policiais II - Edgar Allan Poe


A Guimarães editores, para além da publicação dos famosos livros de ensaios e filosofia, tem também publicado traduções de novelas de reconhecidos autores como E. A. Poe, Franz Kafka ou Hermann Hesse. Hoje debruçar-me-ei sobre a obra Contos Policiais, de Edgar Allan Poe[1].
Este livro é constitído por quatro novelas. Na primeira, initulada Os crimes da Rue Morgue, o narrador conta como o seu amigo e personagem principal, o detective C. Auguste Dupin, deslinda o macabro crime do assassínio da Sra. L’Espanaye e da sua filha. Através de relatos de testemunhas e de uma curta visita ao local do acontecimento em demanda de pistas, Dupin, recorrendo ao uso da razão e do seu característico poder de análise, desvenda quem foi o surpreendente culpado de tal barbárie.
Em A carta roubada, Dupin recebe a visita do prefeito da polícia que, desesperado, pede-lhe ajuda para descobrir o paradeiro de uma carta desaparecida. Neste caso, o culpado é conhecido tanto da vítima como da polícia, mas a carta trata importantes assuntos que podem ser usados como chantagem política. Após várias incessantes buscas, a polícia tem a certeza que a carta está em casa do ladrão, mas não é capaz de a encontrar, nem mesmo nos mais recônditos compartimentos do lar. Cabe então ao detective Dupin solucionar este caso.
Segue-se O Mistério de Marie Rogêt, estória esta, que é baseada num acontecimento real que aconteceu na América do Norte, embora aqui retratada com diferentes personagens e noutros locais. O prefeito da polícia recorre, uma vez mais, ao detective Dupin para o ajudar a desvendar mais um misterioso caso. Uma jovem rapariga que já havia desaparecido no passado (mas entretanto regressara a casa) tornara a desaparecer, e após ter sido encontrado um corpo a boiar no rio Sena com roupas idênticas às da jovem, começa-se a pensar se não será ela. Dupin tem de descobrir se é ou não ela; caso seja tem de descobrir qual a causa da morte, assassínio ou suicídio; e se foi assassínio, terá havido apenas um, ou vários responsáveis. Todas estas eram questões que estavam a dar que fazer à polícia, e para as quais as investigações apontavam em diferentes sentidos.
O último conto intitula-se És tu o homem!. Este é o mais breve dos contos, onde se relata como foi descoberto o verdadeiro assassino de Mr. Barnabas Shuttleworthy, e quais terão sido as suas motivações. Com recurso a um engenhoso plano que surpreende o verdadeiro assassino, este voluntariamente acaba por confessar o seu crime.

Edgar Allan Poe (1809 – 1849), foi um poeta, escritor, editor e crítico literário norte-americano, sendo considerado parte do movimento do Romantismo americano. Nasceu em Boston, Massachusetts. Tendo perdido os pais em tenra idade, foi acolhido, apesar de não formalmente adoptado, por John e Frances Allan. Após ter frequentado por pouco tempo a Universidade de Virginia, e servido por um breve período na carreira militar, Poe distanciou-se dos Allans. Em 1835, casa-se com a sua prima de 13 anos, Virginia Clemm. Conhecido pelos seus contos de mistério e do macabro, foi também impulsionador do género de ficção científica, e considerado o inventor do género de contos de detectives[2]. De facto, na contracapa do livro Contos Policiais de Edgar Allan Poe pode ler-se o seguinte: “nestas novelas assiste-se à invenção do primeiro detective, Dupin, que mais tarde serviu de modelo aos grandes mestres para a criação de personagens tão célebres como Sherlock Holmes ou mesmo Poirot”. Poe e as suas obras influenciaram a literatura nos Estados Unidos e um pouco por todo o Mundo.

[1] Edgar Allan Poe, Contos Policiais, Guimarães Editores Lda, Lisboa, 2003
[2] Informação retirada de: http://en.wikipedia.org/wiki/Edgar_Allan_Poe, site no qual podem encontrar-se mais informações sobre este autor.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Policiais I – Moita Flores e o Carteirista


Este post poderia também ter sido intitulado de Tesouros Esquecidos.
Tesouros esquecidos porque numa biblioteca há livros pelos quais passamos e neles nunca pegamos. Alguém os leu e lá os colocou, em repouso, aguardando nova visita. É exemplo deste livro de que falarei.
A biblioteca é a do meu avô. Biblioteca é uma hipérbole que uso para descrever uma fila de prateleiras, numa apertada casa, onde descansam os livros que o meu avô já só a muito custo é capaz de ler. O livro, que me acompanhou neste dia chuvoso de Fevereiro, até nem estava escondido. Destacado de todos os outros, esperara pacientemente por alguém que se recordasse da sua existência.
Da autoria de Francisco Moita Flores, O Carteirista que fugiu a tempo[1] conta a estória de um conjunto de indivíduos, do mais baixo estrato social, que descontentes com a vida que levam, ousam aventurar-se numa ambiciosa escalada até ao nível das elites do país. Fred Astaire, conhecido por esse nome devido ao seu talento para a dança, recorda os áureos tempos em que praticava a arte de fazer sumir as carteiras dos “otários” que encontrava na rua ou nos transporte públicos. Com o advento das caixas multibanco, as pessoas deixaram de carregar quantias consideráveis de dinheiro consigo, tornando-se assim o carteirismo uma profissão (ou arte) com os dias contados. Como resultado do avanço das tecnologias, Fred vê-se forçado a abandonar a sua outrora recompensadora profissão, para mendigar nas ruas de Lisboa. É aqui que conhece casualmente uma prostituta, Gabriela, que ulteriormente o apresenta a um drogado, o “Doses”, a um ex-polícia, o Messias, e a um ex-bancário, o “Porcalhão”. Juntos, sob a liderança de Fred formam uma quadrilha. Após um assalto gorado a um banco, arranjam um estratagema para subir na vida, através de concursos televisivos e várias tramóias à mistura.
Cabe agora ao leitor descobrir, mergulhando neste enredo, se as personagens conseguirão atingir o seu propósito. Permanecerão juntos? Terão conseguido enriquecer? De que modo usarão o dinheiro?
F. Moita Flores é licenciado em História, autor de diversos livros, presidente da Câmara Municipal de Santarém. No entanto, foi a sua experiência enquanto investigador na Polícia Judiciária, que lhe terá permitido conhecer a fundo, a vida dos marginais da sociedade. Essa experiência encontra-se reflectida nesta obra, podendo ser facilmente encontrada na gíria utilizada pelas personagens.

[1] Francisco Moita Flores, O Carteirista que fugiu a tempo, 5ª edição, Editorial Notícias, Lisboa, 2002