Já aqui escrevemos sobre uma tendência crescente que se vive nalgumas sociedades ocidentais, e que se está a expandir a Portugal, contra a vacinação das crianças.
Como se não fossem suficientes as vozes da maioria dos médicos a alertar para as falácias e os perigos que esse movimento anti-vacina representa para a saúde pública, saiu esta semana um relatório do Instituto Americano de Medicina que, uma vez mais, conclui que as vacinas são seguras! As vacinas não causam autismo nem diabetes!
Foram revistas oito vacinas: rubéola, gripe, hepatite B, HPV (Vírus do Papiloma Humano), difteria, tétano e tosse convulsa, VASPR (sarampo/rubéola/papeira), hepatite A e doença meningocócica C.
Este relatório foi encomendado pelo Governo Americano precisamente devido ao preocupante número de pais que se recusam a vacinar os seus filhos neste país. No já referido post, mencionávamos casos semelhantes em Portugal, embora a motivação para a recusa seja algo diferente. Nos EUA existe um movimento de pressão anti-vacina que afirma, entre outras coisas, que os adjuvantes utilizados na vacina VASPR provocavam autismo nos bebés (o adjuvante é a substância adicionada ao antigénio da vacina com o objectivo de aumentar a sua eficácia). Esta afirmação surge de um estudo fraudulento publicado por Andrew Wakefield em 1998 na revisa Lancet, que foi retratado e repetidas vezes refutado por inúmeros investigadores nos anos seguintes (um resumo da história pode ser lido aqui). No entanto, o facto de algumas figuras mediáticas aderirem ao movimento levou a que se perpetuassem até hoje esta perigosa ideia. Em Portugal, parece que o motivo para a não vacinação está mais relacionado com a convicção de que métodos ditos “alternativos” podem ser usados, nomeadamente a homeopatia. Deixaremos esta temática da homeopatia para um outro post, uma vez que merece ser tratada e explicada detalhadamente por si só.
E porque é que é perigoso este movimento anti-vacina? Primeiro, porque as vacinas são a medida de saúde pública que mais vidas salva, sendo apenas superada pela introdução de água potável nas populações! (1) E, segundo, porque a não vacinação de uma criança, não põe em risco “só” a sua vida, mas também a daquelas que a rodeiam, visto poder vir a ser um foco de infecção. Veja-se por exemplo o caso da rubéola: esta doença estava considerada como eliminada dos países ocidentais e aparecem agora de novo surtos. O mesmo está a acontecer com o sarampo.
Há também a ideia errónea de que estas doenças, a rubéola e o sarampo, não são realmente perigosas. Pois perguntem aos vossos avós! Talvez os jovens pais não tenham tido essa vivência próxima, mas o sarampo e a rubéola são perigosos e podem matar, dependendo da idade em que surgem e do estado imunológico do paciente! E os nossos avós sabem disso, visto que muitos deles perderam filhos para doenças infecciosas que hoje nem mencionamos porque, devido às vacinas, praticamente desapareceram.
(1) Plotkin, S. A., Orenstein, W. A., Offit, P. A.(2008).Vaccines. Elsevier, 1748pp.
NOTA: Para mais informação e para esclarecer todas a dúvidas, pode-se consultar o portal português sobre vacinas, desenvolvido em colaboração com vários peritos nacionais de diferentes áreas científicas e cujo objectivo é, em parte, responder a lacunas de informação que foram evidenciadas num estudo realizado nas zonas da Grande Lisboa e Grande Porto. [Este estudo revelou, por exemplo, que um terço da população não sabe que há vacinas inseridas no Programa Nacional de Vacinação (PNV), que devem ser tomadas ao longo da vida.]
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