A história começa com o relato de um estranho acontecimento, relato esse, contado pelo Sr. Richard Enfield ao seu parente afastado, Sr. Utterson, advogado de profissão. O advogado fica a saber que anda um indivíduo, bruto, a vaguear pela cidade, e que, certo dia, ao cruzar uma esquina, não se apercebendo da presença de alguém na rua transversal, choca com uma pequena rapariga. Acidentes acontecem, mas este misterioso indivíduo em vez de pedir desculpa e ajudar a criança, pisando-a prossegue como se nada tivesse acontecido, até ser impedido por Enfield que testemunhara o sucedido. Já com a vizinhança à volta dos intervenientes, o Sr. Edward Hyde, o tal indivíduo sem escrúpulos que magoara a criança, aceita oferecer uma quantia avultada para compensar a família da vítima e, assim, evitar um possível linchamento público ou um escândalo pondo em causa o seu nome. Algumas testemunhas acompanham o Sr. Hyde a sua casa de modo a garantirem que o dinheiro é realmente entregue. Para além das dez libras em ouro, o culpado também passa um cheque. Acontece que este cheque vem assinado por uma pessoa ilustre, reconhecida pela sociedade, que se vem a saber ser o médico e cientista Dr. Henry Jekyll. Estando as testemunhas desconfiadas, e com razão, da incompreensível relação entre o respeitado Dr. Jekyll e o abominável Sr. Hyde, decidem aguardar pela abertura do Banco e comprovar a validade do cheque, que se veio a observar válido.
O Sr. Utterson também estranha esta relação entre as duas personagens opostas, e reflecte sobre o caso. Para mais, sendo advogado do Dr. Jekyll e tendo em sua posse o testamento do médico, relê-o, encontrando uma referência ao Sr. Hyde em que será este o herdeiro dos bens do doutor em caso de morte ou desaparecimento deste. Utterson começa a suspeitar de uma qualquer chantagem sobre o médico e decide investigar este mistério.
Quem será este Sr. Edward Hyde, que mais tarde se revela um assassino? Qual a relação com o médico Henry Jekyll? Estará a chantageá-lo? Por que razão? Estará a vida de Jekyll em perigo? Estas são algumas das questões colocadas ao longo da leitura do livro.
O autor, o escocês Robert Louis Stevenson (1850-1894), reflecte nesta obra sobre a ambiguidade moral, a natureza humana, e o conflito entre o bem e o mal. É portanto uma boa leitura, fácil e rápida (é um conto breve), e simultaneamente faz-nos pensar e reflectir sobre questões importantes. Não é por acaso que esta obra é considerada um dos grandes clássicos da literatura europeia oitocentista, podendo ser incluído nas categorias de policial, mistério, ficção-científica ou horror.
Bibliografia:
Robert Louis Stevenson, O Estranho Caso do Dr. Jekyll e do Sr. Hyde, Quasi Edições, Vila Nova de Famalicão, 2008 – Tradução de Fernando Dias Antunes.
Nota 2: R. L. Stevenson é autor de outros clássicos como A Ilha do Tesouro e A Flecha Negra.