terça-feira, 7 de agosto de 2012

Da Ciência para a Economia


A francesa Esther Duflo e o indiano Abhijit Banerjee, ambos economistas no Massachusetts Institute of Technology (MIT), fundaram, em 2003, o Poverty Lab - laboratório de estudos de combate à pobreza.

Os estudos realizados pelo Poverty Lab recorrem a um método de pesquisa científico [1], num bom exemplo de transdisciplinaridade entre áreas tão diferentes como a ciência e a economia.

Este método de pesquisa consiste em separar duas amostras da mesma população aleatoriamente: uma dessas populações é submetida a uma solução contra um problema específico, “como um método para aumentar a taxa de vacinação entre crianças” [2], a outra população não recebe nenhum tratamento – é o que em ciência se designa de população controlo. A comparação dos resultados obtidos nas duas populações indica se o programa social teve o efeito desejado. Assim, o programa social que tiver melhores resultados pode ser reproduzido em larga escala, em comunidades que apresentem características idênticas.

 Na realidade, a metodologia não é completamente inovadora em economia; o mérito desta investigadora reside, no entanto, na possibilidade do método poder ser aplicado numa escala inédita, como explica Michael Kremer, economista na Universidade de Harvard [3].

Este projecto mereceu a atenção e o apoio financeiro de Bill Gates, famoso filantropo de causas sociais, e que escreveu no seu blog: “O laboratório produz evidência científica que ajuda a tornar o esforço de combate à pobreza mais eficiente” [4].

O resultado dos vários estudos foi publicado no livro de divulgação “Poor Economics”, eleito pelo Financial Times a melhor obra de economia do ano [5].

Esther Duflo defende que a pobreza mundial pode ser combatida através de investimentos a fundo perdido de países ricos, ideia aliás já defendida por outros economistas, como Jeffrey Sachs, já mencionado neste blog.

Notas:

[1] – Referido no texto consultado como método randómico. Ignoro se será este um termo técnico, mas creio que a designação deveria ser método aleatório.
[2] – Revista Exame, nº340, p.80
[3] – Idem
[4] – Idem
[5] – Idem, pp. 78-80

Fonte: “A guru de Bill Gates”, in Revista Exame, nº340, Agosto 2012, pp. 78-80

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