sábado, 6 de outubro de 2012

Viva a República!


Celebra-se hoje, dia 5 de Outubro, o aniversário da implantação da República em Portugal, com as comemorações a realizaram-se por todo o país. 

Este ano, por motivos pessoais e profissionais, celebrei esta data na cidade de Coimbra. Posso dizer que foi um dia em cheio. Logo de manhã, prestou-se homenagem ao Major-General Augusto Monteiro Valente, recentemente falecido, com um discurso proferido por Carlos Esperança. Este discurso, em nome do Movimento Republicano 5 de Outubro (MR5O) e da Associação 25 de Abril, pode ser lido no nosso blogue, clicando neste link.

Após a homenagem, seguimos para um almoço de confraternização organizado pelo MR5O. A refeição alongou-se e,  como já a tarde ia longa, dirigimo-nos à livraria Lápis de Memória para assistir a mais uma homenagem ao Monteiro Valente, onde foi dado o seu nome à sala de eventos da livraria e onde passou a constar uma placa evocativa a este ilustre cidadão. Ainda nesta livraria, assistimos à apresentação do livro intitulado "À Boca do Inferno", da autoria de António Torrado.

Já era tarde, mas o dia ainda não terminara. Saímos daqui e deslocámo-nos para a Rua Infantaria 23, onde iria ser apresentado um novo livro: o "Memorial Republicano", da autoria historiador Amadeu Carvalho Homem, com imagens obtidas através da pesquisa de Alexandre Ramires, e que contou com a apresentação realizada por António Arnaut (outro grande vulto da sociedade portuguesa).

Foi já de noite que regressei a casa.



Sendo este um artigo dedicado à celebração da República, partilho um texto da autoria de Carlos Esperança, em que o autor relembra os valores deste regime que é o de todos nós, cidadãos:
(Nota: os sublinhados a negrito são da minha autoria)

"Viva a República

A Revolução de 1820, em 24 de agosto, o 5 de outubro de 1910 e o 25 de abril são, em Portugal, os marcos históricos da liberdade. Foram os momentos que nos redimiram da monarquia absoluta e da dinastia de Bragança; são as datas que honram e dão alento para encarar o futuro e fazer acreditar na determinação e patriotismo dos portugueses.

Comemorar a República é prestar homenagem aos cidadãos que não quiseram continuar vassalos. O 5 de Outubro de 1910 não se limitou a mudar de regime, foi portador de um ideário libertador que as forças conservadoras tudo fizeram para boicotar.

Com a monarquia caíram os privilégios da nobreza, o imenso poderio da Igreja católica e os títulos nobiliárquicos. Ao poder hereditário e vitalício sucedeu o escrutínio do voto; aos registos paroquiais do batismo, o Registo Civil obrigatório; ao direito divino, a vontade popular; à indissolubilidade do matrimónio, o direito ao divórcio; à conivência entre o trono e o altar, a separação da Igreja e do Estado.

Há 102 anos, ao meio-dia, na Câmara Municipal de Lisboa, José Relvas proclamou a República, aclamada pelo povo e vivida com júbilo por milhares de cidadãos. É essa data gloriosa que amanhã se evoca, prestando homenagem aos seus heróis.

Cândido dos Reis, Machado dos Santos, Magalhães Lima, António José de Almeida, Teófilo Braga, Basílio Teles, Eusébio Leão, Cupertino Ribeiro, José Relvas, Afonso Costa, João Chagas e António José de Almeida, além de Miguel Bombarda, foram alguns desses heróis que prepararam e fizeram a Revolução.

Afonso Costa, uma figura maior da nossa história, honrado e ilustríssimo republicano, suscitou o ódio de estimação das forças mais reacionárias e o vilipêndio do salazarismo. Também por isso lhe é devida a homenagem de quem ama e preza os que serviram honestamente a República.

Há quem hoje vire as costas à República que lhe permitiu o poder, quem despreze os heróis a quem deve as honrarias e esqueça a homenagem que deve. Há quem se remeta ao silêncio para calar um viva à República e se esconda com vergonha da ingratidão, ou saia do país com medo do desprezo.

Não esperaram honras nem benefícios os heróis do 5 de outubro. Não se governaram os republicanos. Foram exemplo da ética por que lutaram. Morreram pobres e dignos.

Glória aos heróis do 5 de Outubro. Viva a República.
"


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