sábado, 20 de agosto de 2011

1984 - Big Brother

Retrato do autor, George Orwell
“Mil Novecentos e Oitenta e Quatro” (por vezes simplificado por “1984”), publicado em 1949, é um dos livros mais conhecidos do jornalista e escritor inglês George Orwell (1903-1950). Aí, G. Orwell (1), retrata uma sociedade governada por um partido político, conhecido simplesmente por “Partido”, de acordo com um sistema oligárquico. A sociedade encontra-se disposta num sistema piramidal, com os “proles” (ou o povo) na base, o que corresponde a cerca de 85% da população, seguido do partido externo, depois o partido interno (a elite governativa) e no vértice da pirâmide encontra-se o Grande Irmão que todos vigia. É, pois, neste livro que tem origem a expressão Big Brother e a relação com vigilância omnipresente.

Após a Segunda Guerra Mundial, formam-se três superpotências, que estão constantemente em guerra entre si: a Oceânia (engloba Austrália, Reino Unido, Estados Unidos da América e uma parte de África), a Eurásia (Europa e Ásia) e a Lestásia (China e arredores). A governação da Oceânia encontra-se organizada em quatro ministérios: o da Verdade (que altera a história), da Paz (que trata da guerra), do Amor (responsável pela tortura) e da Riqueza (que trata da fome).

O personagem principal é Winston Smith, que habita na cidade de Londres devastada por bombardeamentos ocasionais, e que trabalha no Ministério da Verdade. A sua missão é reescrever a história. Este regime SocIng (Socialismo Inglês), tem a seguinte máxima: “Quem controla o Passado, controla o futuro. Quem controla o Presente, controla o Passado”. Ou seja, quando um acontecimento presente é discordante de outro acontecimento relacionado mas do passado, os jornais anteriores são rescritos para a informação bater certo com a actual; ou quando algum opositor do regime é “evaporado” (2), apagam-se todas as informações passadas sobre essa pessoa – é como se nunca tivesse existido.

Todas as pessoas importantes (3) estão sobre constante vigilância, através de câmaras e de microfones, e qualquer comportamento considerado estranho deve ser denunciado por colegas, amigos ou família. De facto, as crianças são educadas desde novas a denunciar os seus pais caso manifestem algum comportamento contra o regime. Os crimes mais graves são o uso da memória e a reflexão. O “Partido” pretende que as pessoas não se questionem, não pensem, que não coloquem em causa as notícias actuais que divergem de outras notícias de um passado recente.

Winston Smith que tem de alterar as notícias começa a pôr em causa este modo de actuar e indigna-se com o facto de os seus compatriotas não acharem estranho a redução de alimentos quando saem notícias do aumento da produtividade; ou não estranharem estarem desde sempre em guerra com a Lestásia, quando semanas antes dizia-se estarem em guerra desde sempre com a Eurásia (exemplos de “verdades” alteradas). É por se questionar, por se interrogar, por se apaixonar pela sua colega Júlia, por escrever num caderno, por se interessar pela história do seu país – tudo o que é inato ao humano - que poderá ser perseguido, caso alguém o denuncie, acontecimento bastante provável uma vez que a vigilância é constante. Este regime, cujo único intento é a busca por poder, pretende governar uma sociedade de pessoas desumanizadas, promovendo a degradação e o desrespeito pela condição humana, incitando ao ódio, eliminando tudo o que o Homem tem de melhor. Até a língua oficial, a Novilíngua, favorece o acto de não pensar através das palavras abreviadas e compostas, e através da eliminação de expressões nocivas ao regime, como Liberdade ou Igualdade.

As ditaduras podem surgir em clima de pós-guerra, ou em momentos de conflito social, e este livro vem lembrar-nos que temos de estar vigilantes, de modo a não permitir que a nossa civilização degenere numa sociedade semelhante à aqui descrita.

Notas:
(1) - George Orwell é o pseudónimo de Eric Arthur Blair.
(2) - Opositores que eram assassinados e todas as provas da sua existência eliminadas.
(3) - Os “proles” não eram vigiados, pois eram considerados pessoas sem importância, sendo vistos como meros animais.

1 comentário:

Ana disse...

LOL! Referi o 1984 no comentário ao post sobre o Brave New World e ainda não tinha reparado neste post (descobri-vos há pouquinho, através da Diana ;) ) :D

Muito bom, claro. :)