Foi hoje publicado, pela Presidência do Conselho de Ministros, o Programa do XIX Governo Constitucional, dirigido por Pedro Passos Coelho. No capítulo VI (O Desafio do Futuro), encontram-se os objectivos e acções programáticas para a Ciência (a partir da pág. 118).
A leitura deste capítulo levou-me a algumas reflexões...
Em primeiro lugar, infelizmente, este texto não parece dizer nada de concreto, apenas faz uma declaração de intenções com uma linguagem tão vaga que não se percebe em que áreas da ciência é que os apoios/cortes vão incidir. E os cortes, não nos enganemos, vão ser muitos. No entanto, no meio das expressões vagas acerca da importância da ciência para o avanço do país, intui-se o incentivo ao "apoio privado", "emprego privado", parcerias com a indústria...
A meu ver, dificilmente a ciência fundamental avança com apoios privados. As empresas privadas querem aplicações práticas para os seus investimentos, se possível imediatas, e rentáveis. Esse é o seu objectivo, e é compreensível que assim seja.
Mas, o valor do conhecimento científico nem sempre se pode traduzir em dinheiro. O início de uma nova linha de investigação muitas vezes não vai em busca de uma aplicação prática […embora muitos são os (a)casos em que mais tarde essa aplicação surgiu].
O país só avança verdadeiramente na sua cultura científica e tecnológica quando toda a boa ciência for apoiada e os cientistas tiverem uma verdadeira carreira profissional pela frente, altamente competitiva, mas também compensatória. E as agencias governamentais têm um papel fundamental neste apoio, mesmo nos países mais capitalistas e neo-liberais (como é o caso dos EUA).
NOTA: O texto completo do programa pode ser lido aqui: http://www.portugal.gov.pt/pt/GC19/Documentos/Programa_GC19.pdf
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