Para o J.M.
A Porto Editora publicou em Novembro do ano que passou uma nova antologia da poesia portuguesa, que reune trabalhos de autores portugueses desde o século XIII até à actualidade (2008). A utilidade deste tipo de obras está na divulgação no mesmo volume, ou na mesma colecção, de vários autores representativos da sensibilidade literária de um tempo. De facto, passados os séculos e as suas circunstâncias, muitos escritores ficam esquecidos e as suas obras geralmente desconhecidas. Em princípio, excluindo o desinteresse de um povo por si mesmo, o critério que existe é o do mérito. Porém, um bom conhecimento de uma Literatura nacional tem que incluir os autores considerados bons e os autores menos talentosos. Não se pode supor que se percebe o Romantismo português tendo lido só Garrett e Herculano, pois ficariam faltando Rebelo da Silva, Arnaldo Gama, Coelho Lousada, António Feliciano de Castilho, etc. São os trabalhos de todos eles que ampliam a visão de uma época literária e tornam o seu estudo mais completo e honesto. As antologias, como as velhas selectas da escola, têm a vantagem de mostrar um tempo, um contexto, a sua mentalidade e, consequentemente por comparação, de destacar os escritores de grande talento dos seus outros contemporâneos sem no entanto os esquecer. Porém, também têm o defeito da escolha. A falta de espaço e outros factores impedem a divulgação de tudo ou até de um pouco de tudo quanto se fez numa Literatura. A antologia apresentará uma síntese (submetida a certo critério) e com ela pistas de investigação posterior, mas não esgota nem os autores nem as obras. O Armarium Libri analisou brevemente a presente antologia e é de opinião que apresenta as vantagens e as desvantagens referidas. Os próprios organizadores o referem. A obra recupera autores esquecidos como o Abade de Jazente (1719-1789) ou João Xavier de Matos (1730-1789), omite autores menos conhecidos como Curvo Semedo (1766-1838) e relembra autores de sempre como Bocage (1765-1805) e Cesário Verde (1855-1886). Como se diz na Introdução, é também a primeira vez que o século XX é completamente incluído numa antologia. E é igualmente a primeira vez que se relaciona com o início do século presente. Em todo o caso, esta antologia tem a utilidade de fornecer um panorama da poesia portuguesa ao longo do tempo, convidando os leitores (e críticos) a avaliar o mérito dos autores divulgados.
Referência:
"Poemas Portugueses - Antologia da Poesia Portuguesa do Séc. XIII ao Séc. XXI", selecção, organização e notas de Jorge Reis-Sá e Rui Lage, Porto, Porto Editora, 2009.
1 comentário:
Agradecido ;)
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