domingo, 27 de junho de 2010

O Mundo de Sofia


Sobre o Livro:
Conta a estória de uma jovem rapariga, Sofia, que começa por receber pelo correio cartas com perguntas estranhas, como “Quem és tu?” e “De onde vem o Mundo?”. Seguem-se mais cartas com mais interrogações, mas também com explicações. Vem a descobrir, mais tarde, que quem tem andado a remeter-lhe a correspondência é um professor de filosofia, Alberto Knox, com o intuito de dar-lhe a conhecer não só a disciplina, mas levando Sofia numa interessante, e igualmente fascinante, viagem pelo pensamento filosófico ao longo dos séculos, desde a época dos filósofos pré-socráticos e da Antiguidade, passando pela Idade Média, Renascimento, Iluminismo, até ao presente. O enredo adensa-se quando Sofia recebe postais de um major, de nome Albert Knag, funcionário da ONU em missão no Líbano, mas esses postais são destinados a Hilde, filha do militar. Para além da reflexão dedicada às lições que tem recebido do filósofo, Sofia debruça-se ainda a tentar descobrir quem é Hilde, e por que razão o major envia postais para a sua residência. Este é um romance repleto de reviravoltas, em que nem tudo o que parece é.

O autor aborda uma variedade de acontecimentos e de personagens históricas, mas, mais relevante ainda, faz a contextualização no período em análise, algo muito importante em história. Esta contextualização histórica da sociedade ocidental é extremamente importante para a nossa formação individual e enquanto cidadãos, para melhor compreensão da sociedade que nos rodeia. O autor salienta esta importância logo na abertura do livro, com uma citação do pensador e escritor alemão Johann Wolfgang Goethe: “Quem não sabe prestar contas de três milénios permanece nas trevas ignorante, e vive o dia que passa.”

Se bem que este é um romance inicialmente dedicado a jovens, na minha opinião pode e deve ser lido por pessoas de todas as idades, e por todo o público. Se o leitor gosta de temas como filosofia, história, ciência, religião, política, aventura, mistério, suspense, ou simplesmente de boa literatura, então este é um excelente livro para si. Não se trata apenas de uma leitura de lazer, mas de uma aprendizagem informal.

Sobre o autor:
Jostein Gaarder nasceu em 1952, estudou Línguas Escandinavas e Teologia na Universidade, foi professor de Filosofia, e é autor de diversos contos e romances para crianças jovens. Ganhou vários prémios literários, mas foi com “O Mundo de Sofia” (1991), a sua obra mais conhecida, que ganhou uma maior projecção internacional. Desde 1993 dedica-se exclusivamente à carreira literária.

Fonte:
Jostein Gaarder, “O Mundo de Sofia”, 29ª edição, Editorial Presença, Barcarena, 2009 – tradução de Catarina Belo.

O regresso de Salgari


O escritor italiano Emilio Salgari (1862-1911) é uma das referências mais perenes da cultura popular europeia, senão mundial. E, no entanto, como o Charlot que no imaginário do público substituía o Chaplin seu criador, fica muitas vezes na sombra de heróis como o Sandokan. Os livros de Salgari eram um dos supremos prazeres da juventude portuguesa desde o início do século XX, mas o autor terá ficado um tanto esquecido durante os anos ’80 e ’90. Outros heróis mais espectaculares, mas menos humanos, tomaram o lugar das suas personagens: lembramos, ao acaso, o Sangoku, as criaturas bizarras do Pokemon, os X-Men e as Tartarugas Ninja. Porém, há um certo amadurecimento que se consegue com o passar dos anos e dos trabalhos e que devolve aos antigos fãs destes heróis irreais o gosto por uma boa aventura salgariana, em espaços verosímeis, com personagens coerentes e humanas, deixando no leitor uma impressão saborosamente realista da ficção. Falamos assim, pois Emilio Salgari está a regressar às livrarias portuguesas em edições modernas. Para quem não o conhece ainda, este autor nasceu em Verona (Itália) a 21 de Agosto de 1862 numa família burguesa, estudou no Instituto Técnico Naval de Veneza, tendo podido viajar e descobrir o seu talento literário, pois “alguns apontamentos sobre as suas impressões de viagem despertaram nele a vocação de escritor e, em 1883, iniciou-se no periódico milanês La Valigia, com um conto intitulado Os Selvagens da Papuásia.”[1] Fixado na sua terra natal, Salgari começou a publicar em folhetins o romance Tay-See, que em volume teve o título A Rosa do Dong-Giang. “Deu assim início à sua, ao mesmo tempo feliz e atormentada, carreira de escritor”[2]. Casado e com quatro filhos, Emilio Salgari passou a vida preocupado com dívidas e cheio de trabalho, a fazer lembrar o nosso Camilo Castelo Branco (1825-1890), cujo génio literário nem sempre é evidente no meio do afã para assegurar mais uma refeição na mesa familiar. Assim, “da pampa às Caraíbas, da Malásia ao Oeste americano, de África ao Oriente, Salgari povoou a Terra de heróis e heroínas atormentados e arrojados, de injustiças, vinganças e paixões; não importa que nunca tenha sulcado os mares, nem tenha cruzado as selvas (...); não importa que toda a documentação tenha sido obtida na biblioteca pública, nem que nunca tenha sido um herói de verdade. Salgari foi algo mais, foi e é o pai dos heróis, o que permite que todos os seus leitores sulquem os mares, ele que nunca navegou [sic], e combatam a injustiça com a mesma valentia dos heróis com quem sonhou.”[3]
De Emilio Salgari estão disponíveis em Portugal:

Os Mistérios da Selva Negra, Temas e Debates, 2003
O Corsário Negro, Via Óptima, 2009 (ou Temas e Debates, 1997)
O Capitão Tormenta, Via Óptima, 2009
A Rainha das Caraíbas, Via Óptima, 2009
Viagem sobre o Atlântico em Balão, Sopa de Letras, 2010

Notas:
[1] Emilio Salgari, Os Mistérios da Selva Negra, Lisboa, Temas e Debates, 2003, p.5 (nota introdutória sobre a vida de Salgari, que aqui seguimos).
[2] Ibidem.
[3] Ibidem, p.6.
A imagem exposta acima vem da Nova Enciclopédia Larousse, dir. de Leonel de Oliveira, vol.20, Círculo de Leitores, 1999, p.6181.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Workshop Compostagem - Lagartagis

A Lagartagis vai realizar este Sábado, 19 de Junho, às 11h, um workshop de compostagem doméstica [1]. Serão abordados quais os materiais e os melhores organismos a utilizar e quais os cuidados a ter com o compostor.

Esta actividade é dirigida ao público em geral, e a grupos familiares. As inscrições terminam no dia 17 de Junho.

Mais informações em:

Serviço de Extensão Pedagógica (SEP)

Lagartagis – Museu Nacional de História Natural
Jardim Botânico
Rua da Escola Politécnica, 58
1250-102 Lisboa
E-mail: lagartagis@museus.ul.pt
Telf: 210 443 510



[1] Este tema já foi abordado neste blog, aqui.

domingo, 13 de junho de 2010

"Cultura Científica 2010"

Cultura Científica 2010


Nesta última terça-feira, 8 de Junho, celebrou-se o dia do Agrupamento na escola Nº3 dos Olivais, Piscinas. Neste dia, os alunos participaram em actividades desportivas, exibiram os seus trabalhos realizados ao longo do ano lectivo, e visitaram as salas de aulas que possuíam diferentes exposições dedicadas às várias disciplinas. O estabelecimento de ensino esteve aberto também a ex-alunos, encarregados de educação e às outras escolas do Agrupamento.

Uma vez mais, em semelhança ao ano anterior, fui convidado pelas docentes da disciplina de Ciências Naturais para realizar um evento que complementasse as actividades que viriam a ser desenvolvidas no âmbito do dia do Agrupamento. Desta vez, a iniciativa organizada adquiriu a designação de “Cultura Científica 2010”, tendo como objectivos levar a ciência e os cientistas à escola, dar a conhecer as instituições científicas aos professores e possibilitar a troca de contactos e de experiências entre as várias instituições.

Logo de manhã montou-se a exposição “Laboratório de Imagens”, emprestada pela Associação Viver a Ciência (VaC), com fotografias tiradas durante o processo de investigação científica. Estas figuras expostas serviram de base a um concurso dirigido aos alunos, que pretendia que estes reinterpretassem as imagens, representando o conceito observado de uma outra perspectiva (prémios para os melhores desenhos). Antes do almoço ainda houve tempo para duas palestras, uma sobre a Biodiversidade (por João Monteiro) e outra sobre a importância da História (por Luís Henriques).

De tarde, houve uma palestra sobre insectos no geral e as borboletas e suas metamorfoses em particular (por Lagartagis). Também o Instituto Gulbenkian Ciência (IGC) esteve presente, abordando a questão da hereditariedade, e realizando a extracção de ADN com recurso a reagentes caseiros. Paralelamente a estas actividades, no exterior da sala, a empresa de divulgação científica Neurónios Curiosos realizava actividades interactivas destinadas à jovem audiência, como demonstrações de um vulcão em erupção, metamorfoses de insectos, produtos obtidos através da reciclagem de materiais usados, entre muitos outros.

De salientar que o Jardim Botânico de Lisboa não conseguiu estar presente, mas colaborou fornecendo uma chave dicotómica para a identificação de plantas, que foi usada no final da palestra da biodiversidade. Após a observação de algumas imagens de plantas, os alunos tiveram de identificá-las com recurso à chave dicotómica fornecida, relembrando o modo de usá-la e a sua importância para a identificação das espécies vivas.

Também o Zoomarine colaborou nesta iniciativa, fornecendo material de divulgação.

Desde já, os meus agradecimentos a estas instituições, assim como ao Luís Henriques (apoio na organização) e à comunidade docente, em particular à Professora Elsa Costa (ligação à escola).

Tal como no ano passado, foi oferecido um livro para a biblioteca da escola. Desta vez ofereci "Os Amigos da Menina do Mar", da autoria da bióloga Raquel Gaspar (VaC), no âmbito de um projecto em colaboração com o Instituto Português de Oncologia (IPO), que visa obter fundos para a investigação oncológica.

Colaboraram neste evento:
- Associação Viver a Ciência (VaC): http://viveraciencia.org/index/

- Instituto Gulbenkian Ciência (IGC): http://www.igc.gulbenkian.pt/

- Jardim Botânico de Lisboa (com material de divulgação): http://www.jb.ul.pt/  


- Neurónios Curiosos: http://www.neuronioscuriosos.pt/

- Zoomarine (com material de divulgação): http://www.zoomarine.pt/start.php e http://zoomarineblogue.blogs.sapo.pt/

"Neurónios Curiosos" rodeados de jovens super interessados.



Lagartagis fala da metamorfose das borboletas para uma audiência atenta.

O IGC explica os fenómenos de hereditariedade, e procede à extracção de ADN com reagentes caseiros! 










Novamente este ano, a Evolução de Charles Darwin marcou presença neste evento. Aliás, bem a propósito, termino este texto com a frase do biólogo Dobzhansky (1900-1975): "Nada em Biologia faz sentido sem ser à luz da Evolução".