quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Documentários e sereias


Eu sou da opinião que os media têm o dever ético de informar as pessoas. No entanto, vemos frequentemente que por vezes passam programas de desinformação. Isto é tanto mais grave quando falamos de documentários sobre ciência. E é grave porque vai causar confusão na cabeça das pessoas, que esperando obter conhecimento e informação fidedigna, acabam muitas vezes por receber informação errónea, pseudocientífica ou por vezes anti-científica. Isto remete para um documentário sobre sereias, que são, como devemos saber, criaturas mitológicas. Ora, parece que passou um documentário sobre a existência de sereias num canal de ciência! O que passou despercebido a muita gente é que se tratava de um programa de ficção, mas que muitos terão interpretado como baseado em investigação científica credível. É por estas e outras, que a compreensão de ciência por parte dos leigos se torna confusa.

Eduardo Bessa, zoólogo brasileiro, desmonta rapidamente o documentário. Pode ler aqui.

Ouriços-do-mar contra a poluição



Na ciência, a investigação pode dividir-se, grosso modo, em pura e aplicada. A investigação pura, em que se investiga para saber mais sobre certos processos e sem uma aplicação imediata em mente, é por vezes criticada por não se verem resultados palpáveis imediatos (esta crítica é facilmente refutada). No caso da zoologia ou da etologia, p. ex., alguns investigadores são questionados sobre o objectivo de estudar determinado animal, sobre que benefícios isso traz à sociedade. 

É uma questão frequente, e pertinente para quem não domina o procedimento da ciência. Por exemplo, para quê realizar investigação pura com ouriços-do-mar? Na área em que me especializei, biologia do desenvolvimento, são várias as aplicações dos estudos com estes animais, como seja na genética ou na fertilização. 

Recentemente, o jornal Diário de Notícias deu a conhecer mais um resultado dos estudos com estes animais invertebrados. Investigadores britânicos perceberam que o níquel é essencial na produção da carapaça dos ouriços-do-mar com recurso ao CO2 marinho. Novamente no laboratório, cientistas da área da física constataram que na presença de "um catalisador de níquel, o CO2 é convertido em carbonato de cálcio (...), um mineral inócuo presente na crosta terrestre". Isto permitirá criar um método de captura do CO2 das fábricas, convertendo-o em carbonato de cálcio, contribuindo no final para a diminuição de CO2 na atmosfera. A notícia pode ser consultada aqui.

Na foto: Ouriço-do-mar. Autoria de Pete/scavenger, retirado daqui.


As palmeiras doentes


Há cerca de 5 anos atrás, sensivelmente, enquanto estava no Algarve, tomei contacto com a realidade de as palmeiras da região estarem a morrer. Após conversa com os locais, apercebí-me que a causa devia-se a um insecto Rhynchophorus ferrugineus, que pouco depois pude observar in loco, nas palmeiras perto de minha casa.
É sobre esta e outras pragas, que a Doutora Helena Freitas, bióloga da Universidade de Coimbra, fala neste artigo do jornal Público, com o título: O murchar das palmeiras.