terça-feira, 26 de maio de 2009

Ciência no Mundo Mix

A ciência é essencial para que uma sociedade prospere. As melhorias a nível não só de tecnologia como também de conhecimento puro, têm contribuído para o nosso bem estar e melhor qualidade de vida. Para isso, basta pensar nos avanços científicos das ciências biológicas que se repercutiram em melhorias nas ciências biomédicas, como por exemplo no estudo da oncologia.
Apesar de todos estes avanços científicos, a ciência pode e deve ser acessível de compreensão a todas as pessoas. É aqui que entra a divulgação científica. O Instituto Gulbenkian Ciência (IGC) e a Associação Viver a Ciencia (VaC) irão realizar de 29 a 31 de Maio acções de divulgação científica destinadas a quem quer aprender, ou conhecer, um pouco mais desta área.
Se é um adulto interessado, se tem filhos pequeninos, se é um jovem que gosta de ciência, fica a sugestão para um dia bem passado em Lisboa. Trata-se de uma iniciativa destinada a todas as pessoas, de todas as idades.
Segue a Press Release de 21 de Maio de 2009:

"Extrair ADN de frutos com produtos domésticos, conhecer o cérebro humano, identificar características genéticas, ficar a saber tudo sobre a vida dos caracóis e fazer gelados com azoto líquido. Eis algumas das actividades de ciência que vão invadir o Mercado Mundo Mix, entre 29 e 31 de Maio, em Lisboa.

O Instituto Gulbenkian da Ciência (IGC) e a Associação Viver a Ciência (VaC) levam actividades de divulgação de ciência à 21ª edição do Mercado Mundo Mix, a realizar nos dias 29, 30 e 31 de Maio, no Castelo de São Jorge, em Lisboa.
Durante os três dias, entre as 12h e as 22h, as duas instituições apresentam actividades de divulgação de ciência e de angariação de fundos privados para a ciência, com o objectivo de envolver a comunidade científica, o sector privado e a sociedade em geral e proporcionar o diálogo entre cidadãos e investigadores.

Para esse efeito, serão exibidos pequenos filmes produzidos pelos investigadores nos seus laboratórios, reportagens sobre o IGC e seu impacto na comunidade social. A instituição apresentará também uma exposição de Bio-Arte, da responsabilidade de Marta Menezes e Maria Manuela Lopes. A VaC disponibiliza a visita à “Laboratório de Imagens”, exposição de arte e ciência que continua em itinerância pelo país.

No stand científico das duas instituições, os visitantes podem ainda experimentar extrair ADN de frutos utilizando produtos domésticos, participar em jogos interactivos em que identificam características genéticas que podem ser recessivas, comparar o modelo do cérebro humano com o modelo do cérebro do ratinho e aprender todas as curiosidades sobre a vida dos caracóis (sem os levar à panela) através do workshop “Caracol, caracol pões os pauzinhos ao sol”. Na cozinha podem sim fazer gelados com azoto líquido, esparguete de Agar e experimentar um cocktail molecular, três actividades com a assinatura do Cooking Lab.

A doação de fundos privados para a ciência pode ser efectuada através da compra de calendários de ciência e da colecção de postais resultante do projecto “Laboratório de Imagens”.

O Mercado Mundo Mix é um evento multicultural, ligado à cultura urbana e que apresenta novos talentos, novas ideias e novas tendências nas áreas das artes, música, moda e design, que já recebeu mais de dois milhões de visitantes. Nasceu há 15 anos no Brasil e está em Portugal desde 2003, com várias edições realizadas em Lisboa, Porto, Coimbra, Cascais e Lagos, chegando agora à sua 21ª edição, novamente no Castelo de São Jorge, em Lisboa."

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Exposição Darwin - O Grande Final

A exposição “A Evolução de Darwin” está a chegar ao fim. De facto, esta é a última semana da exposição.
Olhando para trás, só se pode concluir uma coisa: esta exposição tem sido um enorme sucesso, pois todos os objectivos foram atingidos e ultrapassados. Penso que, entre outros factores, estes resultados devem-se, essencialmente, ao facto da exposição ter sido realizada e dirigida para um público de todas as idades, sendo os conceitos de fácil compreensão para todos.
Agora que nos aproximamos do final, a festa vai continuar. No fim-de-semana de encerramento, dias 23 e 24 de Maio, a Fundação Calouste Gulbenkian continua a promover diversas iniciativas. Paralelamente à exposição, vão ser realizadas conferências, concertos musicais, peças de teatro, Workshops práticos e no jardim, que terão início logo às 9h30. Deixo aqui algumas sugestões:

Conferências:
Carlos Marques da Silva: “Darwin geólogo e o paradoxo da biodiversidade”.
José A. Feijó: “Tudo o que sempre quis saber acerca de sexo (em plantas)”.
António Frias Martins: “E se Darwin voltasse agora... aos Açores?”
Octávio Mateus: “O que Darwin não sabia sobre os dinossauros”.
Mark Stoneking: “Human evolution: the molecular perspective”.
Peter e Rosemary Grant: “The evolution of Darwin’s finches”.

Teatro:
“O professor de Darwin”.
“A conferência de um macaco”.

Workshops:
“Ilustração científica”
“Como se faz uma montanha?”
“Diagnosticando Darwin: Dr. House visita Down House”
“A evolução do vírus da gripe”
Observação de aves
Construção de ninhos

Publicado simultaneamente em: www.biocel-lusofona.blogspot.com

quarta-feira, 13 de maio de 2009

79ª Feira do Livro de Lisboa III - Sugestões

Como já foi divulgado neste blog, a feira do livro está quase a terminar (17 de Maio) e, por essa razão, vale a pena lá voltar para fazer as últimas aquisições. Na minha opinião, a compra de livros é um investimento que compensa sempre, muito mais nesta altura em que os leitores podem beneficiar de preços mais acessíveis.
De modo semelhante ao meu colega, deixo também aqui algumas sugestões:

Divulgação Científica:

Richard Dawkins, “O gene egoísta”, Gradiva, 2003

Richard Dawkins, “O relojoeiro cego”, Ciência Aberta, Gradiva, 2007 – Na contracapa podemos ler: “Um livro brilhante e controverso que demonstra que a evolução através da selecção natural – o processo inconsciente, automático, cego e vitalmente não-aleatório descoberto por Darwin – constitui a única resposta à maior questão de todas: porque existimos?
No título, Dawkins faz referência à analogia do relojoeiro, tornada famosa pelo teólogo oitocentista William Paley na obra “Natural Theology”. Paley, que escreveu o livro mais de cinquenta anos antes de Charles Darwin ter publicado “A origem das espécies”, afirmou que a complexidade dos organismos vivos constituía prova da existência de um criador divino, estabelecendo um paralelismo com a forma como a existência de um relógio obriga a aceitar a existência de um relojoeiro inteligente. Dawkins, tendo em conta os processos que subjazem à selecção natural, afirma que, nesse caso, o relojoeiro terá de ser cego.”

Stephen Jay Gould, “A vida é bela”, Ciência Aberta, Gradiva, Lisboa, 1995 – este livro fala sobre a descoberta de um importante registo fóssil com criaturas, de um mar antigo, muito bem conservadas, localizado nas montanhas rochosas canadianas. A sua descoberta foi realizada no início do século XX por Charles Walcott, que não terá realizado uma correcta interpretação da informação fossilizada. Só mais tarde, Harry Whittington, terá voltado a pegar no mesmo material e analisado-o de uma outra perspectiva, aos olhos da evolução como a vemos actualmente.

Stephen Jay Gould, “O polegar do panda”, Ciência Aberta, Gradiva, Lisboa, 2002

Francisco de Arruda Furtado, “Correspondência científica de Francisco de Arruda Furtado”, Instituto Cultural de Ponta Delgada, 2002

Francisco de Arruda Furtado, “Obra Científica de Francisco de Arruda Furtado”, Instituto Cultural de Ponta Delgada, 2008


História & Filosofia:

François Châtelet (direcção), “História da Filosofia – O Iluminismo”, Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1983 (adquirido num alfarrabista)

La Mettrie, “O Homem-Máquina”, Editorial Estampa, Lisboa, 1982

Francis Bacon, “Nova Atlântida e A Grande Instauração”, Edições 70, Lisboa, 2008

Richard Stoneman, “Alexandre, o Grande”, Edições 70, Lisboa, 2008


Literatura:

Henry Thomas e Dana Lee Thomas, “Vidas de grandes romancistas”, Edição Livros do Brasil, Lisboa

Clara Pinto Correia, “Adeus, Princesa”, Círculo de Leitores, 1988 (adquirido num alfarrabista)

sábado, 9 de maio de 2009

79ª Feira do Livro de Lisboa II - leituras aconselhadas

O Armarium Libri aproveitou o bom tempo dos últimos dias para ir à Feira do Livro de Lisboa, no Parque Eduardo VII, e trouxe de lá alguns conselhos aos leitores:

  1. Opúsculos, vol.VI - Dialectologia - 2ª parte, José Leite de Vasconcellos, INCM, 1985 - descrição dos dialectos de Trás-Os-Montes e da Beira, numa obra quase integralmente esgotada, da autoria do talvez maior etnógrafo português de sempre;
  2. Os Monstros na Literatura de Cordel Portuguesa do Século XVIII, Ana Margarida Ramos, Colibri, 2008 - um estudo, às vezes um tanto difícil de ler, sobre as histórias de acontecimentos insólitos narradas pela literatura de cordel, com a excitante pretensão de verosimilhança;
  3. Lendas e Narrativas, Alexandre Herculano, Lello&Irmão - Editores - continua a haver espaço para os clássicos no nosso tempo, em especial para um grande medievalista português que foi, ao mesmo tempo, um pioneiro da historiografia entre nós; são narrações com fundo histórico, atravessando a Idade Média portuguesa;
  4. História Geral dos Piratas, Capitão Charles Johnson, Cavalo de Ferro - durante algum tempo atribuída a Daniel Defoe, já que nunca se identificou o Cap. Johnson, contém a breve biografia de vários piratas desde Teach a Mary Read;
  5. Memória Histórica da Muito Notável Vila de Castelo de Vide, César Videira, Colibri, 2008 - publicada em 1908, é uma viagem pelo passado de Castelo de Vide, à volta dos seus monumentos antigos e das pessoas que fizeram a Vila;
  6. Torres Vedras Antiga e Medieval, Carlos Guardado da Silva, Colibri e Câmara Municipal de Torres Vedras, 2008 - obra de grande importância para os estudiosos que se debrucem sobre a riqueza patrimonial das regiões, cujo concurso para a História nacional "geral" ainda está por medir; vai desde a primeira ocupação até ao final da Idade Média.

Recomenda-se a visita aos dois pavilhões dedicados ao Arquipélago dos Açores, onde se vendem monografias de grande interesse, incluindo a obra do Padre Gaspar Frutuoso (1522-1591) - Saudades da Terra - e estudos sobre a História muito rica dos povos portugueses das Ilhas; e aos alfarrabistas onde se podem descobrir alguns tesouros a preços relativamente acessíveis.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Alte

Há uns meses atrás, estando eu no Algarve com a família, ficou estabelecido que iríamos dar um passeio. O destino da viagem acabou por ser Alte, local que fui visitar pela segunda vez, e em boa hora, pois trouxe comigo informação para partilhar neste nosso cantinho cultural, que é o armarium libri.

Alte no passado
“Alte – Freguesia, Algarve, comarca, concelho, e 18 km de Loulé, 50 de Faro, 215 ao S. de Lisboa, 800 fogos.
(...) Situado em um profundo vale, entre quatro serros, que apenas lhe deixam descobrir uma pequena nesga do mar, junto a Albufeira, e nas margens da ribeira do seu nome, que corre arrebatada por entre broncas penedias. Esta ribeira tem a sua origem em duas grandes nascentes de água, que ficam a N. E. da aldeia, a uns 250 metros de distância dela, e coisa de 40 distantes uma da outra nascente.
Rega muitas várzeas de milho, pomares e hortas, e laranjais de óptima laranja, que exporta. Desagua no mar.
Igreja boa, de três naves.
A ocupação principal da gente desta freguesia é a lavoura, fazer redes, baraços e outras obras de esparto, as quais vão vender por todo o Algarve. O esparto [as pessoas] vão comprá-lo a Faro, e é por esta cidade que Alte faz toda a sua exportação.
(...) Do serro chamado Rocha dos Surdos, 1 Km ao N. da aldeia, se avista até à cidade de Lagos, a 50Km. Serve de guia aos navegantes.
(...) Há aqui várias matas de zambujeiros e carrasqueiros, e muitos medronheiros, de cujo fruto fazem aguardente.
A serra nesta freguesia toma os nomes de S. Barnabé e Malhão, que são braços da Serra do Algarve.
(...) Na serra há muita caça grossa (lobos, javalis, veados) e miúda.”[1]

No presente
“A Freguesia de Alte (...) estende-se por terras serranas e do barrocal, com a Serra do Caldeirão a erguer a norte. A Rocha dos Soidos, com 482 metros de altitude, é a zona mais elevada da freguesia, tendo outrora servido de referência aos navegantes.”[2]
A aldeia de Alte, já foi considerada a mais típica de Portugal, e é aí que se encontra a Igreja Matriz, provavelmente edificada no século XVI, continuando a ser a mais antiga referência histórica de Alte.












A freguesia de Alte é visitada anualmente por muitos milhares de turistas que, após um delicioso almoço, procuram adquirir “o artesanato tradicional da terra, os doces regionais, os brinquedos de madeira, a olaria e os trabalhos de esparto.”[3]
Quem passear pelos agradáveis jardins de Alte, poderá desfrutar das belas serras envolventes que compõem a paisagem, da refrescante ribeira junto da qual se observam várias espécies de aves, de um parque ideal para merendar em grupo, e de vários poemas da autoria de Cândido Guerreiro (1871-1953), gravados em placas de azulejo espalhadas pelo local. É, portanto, um passeio não apenas lúdico, como também cultural.

Quem foi, então, este Cândido Guerreiro autor daqueles poemas? De nome completo Francisco Xavier Cândido Guerreiro, nasce em Alte em 1871 e morre em Lisboa em 1953. Frequenta o Liceu e o Seminário em Faro, e com 31 anos dirige-se a Coimbra com o intuito de estudar Direito, tornando-se, assim, o primeiro altense com curso universitário. Entre os vários cargos que deteve, é de salientar a sua actividade enquanto presidente da Câmara municipal, tendo a vila de Loulé conhecido grande progresso durante o seu mandato. Desde cedo revela interesse pela poesia, área em que aborda diferentes temas, “filosóficos, eróticos, lendários, históricos e bíblicos”[4]. Na poesia demonstra o carinho que possui pela terra onde nasceu. Muitos dos seus versos encontram-se traduzidos em diferentes línguas e recolhidos em várias antologias.
Este é um interessante caso em que conheci Cândido Guerreiro após ir a Alte, e um modo de conhecer melhor Alte será lendo a obra do poeta.


[1] Augusto Soares d’Azevedo Barbosa de Pinho Leal, Portugal Antigo e Moderno – Diccionario geographico, estatistico, chorographico, heraldico, archeologico, historico, biographico e etymologico de todas as cidades, villas e freguezias de Portugal (...), Vol. I, Livraria Editora Tavares Cardoso & Irmão, Lisboa, 1873, pp. 164-165 – traduzido para português actual.

[2] Site da Câmara municipal de Loulé: http://www.cm-loule.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=125&Itemid=177

[3] Idem

Sobre como poupar

Mediante a situação económica actual que vivemos, é importante parar para reflectir e interrogarmo-nos sobre o que nos rodeia. Perante a crise (para alguns) devemos perguntar: “O que é que eu, enquanto indivíduo, posso fazer”? A resposta de Camilo Lourenço para a população em geral, e para os que se encontram em dificuldades financeiras em particular, é POUPAR.
Até à década de 90, Portugal era dos países da OCDE
[1] que mais poupava, tendo sido nessa altura que se deu uma inversão de paradigma.
A tese defendida por Camilo Lourenço, no primeiro capítulo, é a de que é necessário voltar a poupar, e que para isso é preciso desenvolver uma cultura de poupança
[2] e uma cultura financeira. Para isto, diz o autor, é necessário admitir que se pode poupar e fazer contas. Como refere, os analistas esforçam-se por divulgar esta necessidade de poupança, junto dos mais variados meios de comunicação, de modo a alertar as pessoas para que estas se consciencializem de que têm de fazer as contas relativas à sua economia familiar para, que se ficarem em dificuldades financeiras, não esperarem por auxílio do Estado. “É que os primeiros e últimos responsáveis pelo nosso Destino somos nós; não o Estado.”[3]
O autor dá algumas dicas: Comece por poupar (por vezes é necessário cortar em algumas despesas para conseguir colocar algum dinheiro de lado. Cortar no número de cafés diários, no tabaco, levar refeições de casa em vez de ir ao restaurante, etc); de seguida, coloque diariamente os euros poupados num mealheiro; pratique a cultura financeira registando tudo; prevendo as receitas e despesas, garanta que sobra dinheiro para poupar e parte dessa poupança deve ser canalizada para aplicações financeiras (depósitos a prazo, fundos de investimento, acções, etc.).
Mas não são só os adultos que devem poupar. Para vermos alterações significativas no futuro, no que toca à poupança, temos de envolver os mais jovens. De facto, é este o tema abordado no segundo capítulo.
Os capítulos seguintes continuam com informação interessante e importante sobre onde poupar, a saber: crédito ao consumo, alimentação e bebidas, despesas com as crianças, habitação, transportes, energia e telecomunicações. Dedica ainda um capítulo a explicar a análise das taxas de juro.
Conclui observando que a maioria destes conselhos é conhecido de quem anda pela casa dos cinquenta, e que é necessário reeducar a população portuguesa para uma cultura de poupança, algo que é possível de se realizar atendendo a muitos das sugestões encontradas neste livro.


Bibliografia:

Camilo Lourenço, “Como esticar o salário e encurtar o mês” – 2ª edição, Livros d’Hoje, Publicações Dom Quixote, Alfragide, 2009

[1] Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico.
[2] CL refere que quando se fala em “poupança” as pessoas afirmam que é impossível poupar nos dias de hoje. CL propõe-se, através deste livro, demonstrar que isso não é verdade, recorrendo a vários exemplos.
[3] Camilo Lourenço (2009), p.21