sexta-feira, 20 de maio de 2011

Dia da Biodiversidade

Colabore na Divulgação:

Evento: Dia da Biodiversidade na exposição “A Evolução de Darwin” – Porto
Dia: 22 de Maio 2011
Horário: 10h até 19h
Local: Casa Andresen, Jardim Botânico do Porto, Rua do Campo Alegre, 1191
4150-181 Porto, Portugal
Coordenadas GPS:
Latitude: 41.15364955646922 Longitude: -8.642528057098389

Pode encontrar mais informações no Site: http://expodarwin.up.pt/  

O que irá acontecer neste dia?
Poderá visitar a exposição “A Evolução de Darwin”, com a opção de visita guiada, como é normal aos fins-de-semana. Para além disso, irão decorrer conversas com oradores convidados, dos quais se destaca a professora Teresa Andresen, Directora do Jardim Botânico do Porto (e familiar da escritora Sofia de Mello Breyner Andresen). Também irá haver actividades práticas paralelas para conhecer melhor a nossa biodiversidade, sendo estas actividades dirigidas tanto a um público adulto como aos mais novos. Visite-nos!




Nota aos nossos leitores: Esta actividade conta com a presença de alguns elementos do ArmariumLibri.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Fotografias Antigas (4): Cesário Verde, c. 1871




Na imagem, José Joaquim Cesário Verde (1855-1886), poeta português e talvez o nosso único poeta notável da Escola Realista. Comerciante de profissão e estabelecido em Lisboa, trabalhou na loja de seu pai, alternando com estadias na quinta familiar de Linda-a-Pastora. Praticamente desconhecido no seu tempo, foi graças ao amigo António José da Silva Pinto (1848-1911) que a sua obra permaneceu, para ser, no início do século XX, recuperada como inspiração pelos Modernistas, já que a sua estética descritiva de impressões antecipa, na Literatura, até as experiências pictóricas dos novos artistas. Recorde-se a admiração que Fernando Pessoa/Alberto Caeiro tinha por Cesário Verde.



Fonte: A imagem veio de Luís Amaro de Oliveira, Cesário Verde (novos subsídios para o estudo da sua personalidade), Coimbra, Editorial Nobel, 1944, p.3; sobre a vida do poeta, pode ver-se também o Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, vol.2, coord. de Eugénio Lisboa, Mem Martins, Publicações Europa-América, s.d., pp. 379-386, s.v. "Verde, José Joaquim Cesário".

81ª Feira do Livro de Lisboa

Já abriu no Parque Eduardo VII, em Lisboa, a 81ª Feira do Livro. Pode ser visitada até ao próximo dia 15 de Maio, de 2ª a 5ª feira das 12h30 às 23h00, 6ª feira das 12h00 às 24h00, ao Sábado das 11h00 às 24h00 e ao Domingo das 11h00 às 23h00. São de assinalar as presenças das bancas da Madeira e dos Açores, com muitas obras de grande interesse para a História das nossas Ilhas, da banca da Chiado Editora, da Livraria Letra Livre, repetente na Feira, e das dos alfarrabistas onde a preços baixos se encontram obras preciosas. Na banca da Editorial Presença, já se pode encontrar a 2ª edição do I volume da Nova História de Portugal, dirigida pelos Profs. Oliveira Marques e Joel Serrão e coordenada pelo Prof. Jorge de Alarcão, obra esgotada há mais de 10 anos e muito procurada. Para mais informações, v.: http://www.feiradolivrodelisboa.pt/.

A Poesia de João Xavier de Matos (1730-1789)

Na senda de alguns anteriores textos de divulgação, aproveitamos para recordar aqui um poeta português do século XVIII, hoje completamente esquecido. João Xavier de Matos (1730-1789), provavelmente natural de Lisboa, terá estudado ou Leis ou Cânones em Coimbra e foi ouvidor na Vidigueira. Pertenceu à Arcádia Portuense, uma das muitas sociedades literárias aparecidas em Portugal nos séculos XVII e XVIII, com o nome Albano Erythreo. Publicou as suas Rimas em três volumes, reeditados juntos em 1800. Deixam-se dois seus sonetos, muito belos, reforçando a injustiça que constitui o desconhecimento deste autor. (Veja-se em especial o segundo poema, com um tom já romântico, a fazer lembrar o locus horrendus de Bocage.)





1.Eu vi uma pastora em certo dia
Pelas praias do Tejo andar brincando,
Os redondos seixinhos apanhando,
Que no puro regaço recolhia.

Eu vi nela tal graça, que faria
Inveja a quantas há; e o gesto brando
Com que o sereno rosto levantando,
Parece namorava quanto via.

Eu vi o passo airoso, a compostura,
Com que depois me pareceu mais bela,
Guiando os cordeirinhos na espessura.

Eu o digo de todo: vi a Estela.
De graça, de candor, de formusura
Só poderei ver mais tornando a vê-la.





2.Se eu vira num bosque onde não desse
Sinal, vestígio humano de habitado,
De verdenegras ramas tão fechado
Que inda ali de dia anoitecesse;

Se então lá de uma balça ao longe houvesse
Gemendo um mocho, e tudo o mais calado;
Só dentre alguns rochedos pendurado,
Com som medonho, um rio ali corresse;

Enfim num lugar tal onde os meus dias
Consumindo-se fossem na certeza
De não tornarem mais as alegrias;

Faminta ainda a triste natureza,
Cercada ali de tantas agonias,
Nem então se fartara de tristeza.



Fonte: Poesia Portuguesa - Antologia da Poesia Portuguesa do Séc. XIII ao Séc. XXI, selecção, organização, introdução e notas de Jorge Reis-Sá e Rui Lage, Porto, Porto Editora, 2009, p. 640

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Ensaios da Fundação Francisco Manuel dos Santos

Sobre a Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS):

A FFMS tem como missão contribuir para o desenvolvimento da sociedade, o reforço dos direitos dos cidadãos e a melhoria das instituições públicas através da promoção e da demanda pelo conhecimento da realidade portuguesa. Nos estudos efectuados, a análise deve ser rigorosa e, após a obtenção de resultados, estes devem ser divulgados e servir de base para debate, assim como para a formulação de recomendações e sugestões, tendo em vista o melhoramento das instituições e da vida em comum. Um dos grandes objectivos é disponibilizar aos cidadãos a maior massa de informação possível, pois, como explica no site da Fundação, “os cidadãos informados são os que estão mais habilitados a formar uma opinião independente e livre”. (1) Neste âmbito, foi criada a colecção “Ensaios da Fundação” cujo desígnio principal é pensar livremente.

Os Ensaios da Fundação:

Já se abordou, neste blog, um dos ensaios intitulado “Economia Portuguesa – As últimas décadas” (2010), do historiador Luciano Amaral, cujo texto pode ser encontrado aqui.

No início deste ano, foram publicados novos ensaios, dos quais destaco “A Ciência em Portugal”, da autoria de Carlos Fiolhais, professor de Física da Universidade de Coimbra, e “Filosofia em Directo”, de Desidério Murcho, professor de Filosofia na Universidade Federal de Ouro Preto, Brasil.

“A Ciência em Portugal”

Este livro é importante na medida em que ajuda a entender como funciona a ciência em Portugal – Quem financia, quem faz, como são avaliados os resultados, quem e como divulga, etc.

A obra tem início com uma introdução que faz uma análise gráfica e histórica do estado da ciência em Portugal nos últimos anos; seguido de um brevíssimo capítulo dedicado à História da Ciência Portuguesa (2). De seguida, aborda a Organização da Ciência através do papel do Ministério para a Ciência e Tecnologia, das Unidades de Investigação, Laboratórios Associados e Laboratórios do Estado; procura-se saber como está a decorrer a produção científica no nosso país e como isso pode ser avaliado (e.g. como o número de pessoas formadas, o número de artigos científicos, o impacto desses artigos, o número de patentes, entre outros); e aborda-se ligeiramente a relação triangular Ciência, Tecnologia e Economia. Os capítulos seguintes dedicam-se à relação entre a ciência e o público, dando-se ênfase à estreita colaboração com as escolas, assim como com o chamado ensino informal e o papel da divulgação científica.

O progresso de um país está estreitamente ligado ao desenvolvimento da ciência e tecnologia, e por isso é importante que os cidadãos entendam os rudimentos destas áreas. O ensino da ciência pode ser feito dentro das salas de aula (ensino formal) ou fora das salas de aula (ensino não formal, e.g. museus), sendo estes dois modos de ensino complementares. Estudos indicam que a aprendizagem de conceitos científicos por adultos faz-se ao longo da vida através de ensino não formal, mas a compreensão dessas ideias é tanto maior quanto o nível de escolarização (importância do ensino formal) (3). O autor é crítico no modo como se ensinam as ciências, defendendo que é necessário valorizar cada vez mais o papel da experimentação e do raciocínio crítico dentro das salas de aula, de modo a, por exemplo, saber distinguir ciência de pseudociência (4). Contributos positivos têm sido dados pela Agência Ciência Viva, assim como através de livros de divulgação científica (referem-se algumas editoras como Publicações Europa-América, Editorial Presença ou a Gradiva), por Museus e Exposições e por associações de ciência.

São apresentadas algumas soluções para melhorar a aprendizagem de ciências: palestras de cientistas nas escolas e em museus ou centros de ciência, realização de Dias Abertos em Universidades ou Instituições Científicas, Actividades de Verão da Ciência Viva. No final do livro, também são apresentadas ideias para ampliar a divulgação científica, como por exemplo tentar captar mais atenção dos Media, apoiar os museus e centros de ciência e fomentar novos, fomentar actividades de associativismo científico, ou promover a ligação entre Ciências e Humanidades (artes e letras).

“Filosofia em Directo”

De acordo com o prefácio do autor, este livro não tenciona ser nem escolar nem académico, e por essa razão não apresenta referências bibliográficas ao longo do texto, nem referências a filósofos antigos ou contemporâneos; pretende apenas apresentar o raciocínio filosófico, o que consegue através de inúmeros exemplos práticos ao longo da obra (para esses exemplos, o autor recorre a personagens ou a acontecimentos do livro “Os Maias”, do escritor Eça de Queirós).

Desidério apoia o leitor na reflexão de vários temas que acompanham a Humanidade ao longo de milhares de anos, como a Democracia, a Liberdade, a Autonomia, o Valor, o Sentido, a Realidade, a Contingência, o Raciocínio e a Verdade. Passo a passo, ensina-nos a reflectir filosoficamente. A título de exemplo, ainda no primeiro capítulo explica o que é a Democracia para de seguida demonstrar, através de argumentos lógicos, por que é contra a Democracia; mas isto serve de pretexto para desmontar o raciocínio anterior, demonstrando que por vezes um raciocínio pode ser lógico mas, apesar disso, estar errado por partir de premissas erradas, alertando-nos assim para a necessidade de espírito crítico.

Ao ler este livro, não pude deixar de pensar como serviria para uma boa introdução à disciplina de filosofia no secundário, ou como leitura complementar das aulas.

Notas:
(2) – Este tema é desenvolvido no livro de Carlos Fiolhais e Décio Martins, “Breve História da Ciência em Portugal” (2010).
(3) – Carlos Fiolhais, (2011), p. 56
(4) – Idem, pp. 61-62

Bibliografia:
- Carlos Fiolhais, “A Ciência em Portugal”, Fundação Francisco Manuel dos Santos & Relógio d’Água Editores, Lisboa, 2011
- Carlos Fiolhais e Décio Martins, “Breve História da Ciência em Portugal”, Gradiva Publicações e Imprensa da Universidade de Coimbra, Coimbra, 2010.
- Desidério Murcho, “Filosofia em Directo”, Fundação Francisco Manuel dos Santos & Relógio d’Água Editores, Lisboa, 2011
- Luciano Amaral, “Economia Portuguesa – As últimas décadas”, Fundação Francisco Manuel dos Santos & Relógio d’Água Editores, Lisboa, 2010