sábado, 30 de outubro de 2010

Sobre a Economia Portuguesa

Muito se tem discutido nas últimas semanas sobre a economia portuguesa e as finanças públicas, a propósito do Orçamento de Estado para o ano de 2011. Uns defendem que o orçamento deve ser aprovado, outros que deve ser chumbado; alguns clamam pela intervenção do Fundo Monetário Internacional (FMI), outros nem querem ouvir falar dessa hipótese; a culpa do estado das contas públicas é das décadas de governação do Partido Socialista (PS), segundo alguns, mas o Partido Social Democrata (PSD) também tem responsabilidade, acusam outros. Muito a opinião pública se tem manifestado, mas falará com conhecimento de causa?

Para uma discussão séria, as pessoas devem estar minimamente informadas e, por essa razão, divulgo livro Economia Portuguesa – As últimas décadas, da autoria do historiador Luciano Amaral, numa edição conjunta da Fundação Francisco Manuel dos Santos e da Relógio d’Água Editores.

O livro encontra-se dividido em duas partes. A primeira parte realiza uma contextualização histórica, analisando a evolução da economia portuguesa desde os anos '50 até aos dias de hoje, ou seja, relembra o panorama dos anos de ditadura, contextualiza o período de revolução, e analisa os anos seguintes, referindo as duas vezes em que o FMI esteve em Portugal (1978-1979) e (1983-1985); é, portanto, esta informação histórica que nos permitirá compreender como chegámos ao estado actual. Na segunda parte são analisados dois temas em particular: o Estado-Providência e o Crescimento Económico. O Estado-Providência, uma das mais importantes realizações a nível político, social e económico da democracia em Portugal, só foi conseguido após a denominada Revolução dos Cravos. Se bem que tenha elevados custos financeiros, também trouxe melhores condições para a vida dos cidadãos de Portugal, resultando de mais investimento da parte do Estado, particularmente na Saúde e na Educação: hoje em dia, estas duas áreas em conjunto assimilam cerca de 14% do PIB nacional. Relembre-se ainda a importância da criação do Serviço Nacional de Saúde em 1979 e as melhorias que trouxe para a Saúde Pública, como a diminuição da mortalidade infantil e o aumento da esperança média de vida, por exemplo. Quanto ao crescimento económico, é estudado o modo como o mercado de trabalho e a educação podem influenciar a economia e reflecte-se sobre a importância de cada um destes factores.

Após a leitura deste breve livro, qualquer cidadão terá mais bases sustentáveis de argumentação, falando com conhecimento de causa. Será também um bom princípio para se aventurar noutras leituras complementares, uma vez que esta obra, embora completa, é dirigida a um público alargado, sendo um bom livro de divulgação, sem grandes preciosismos académicos. Pode ser encontrado em livrarias e nalguns estabelecimentos comerciais, como o Pingo Doce.

Sobre o autor:
Luciano Amaral (Porto, 1965) é licenciado em História pela Universidade Nova de Lisboa e doutorado em História da Civilização pelo Instituto Universitário Europeu de Florença, especializado em História Económica. É docente na Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa e colunista em jornais.

Bibliografia:
Luciano Amaral, Economia Portuguesa – As últimas décadas, Lisboa, Fundação Francisco Manuel dos Santos & Relógio d’Água Editores, 2010

1 comentário:

vial disse...

Quanto assunto interessante de ser abordado, lido e estudado!