Os jogos populares fazem parte da vida quotidiana dos povos. Quando não estão a trabalhar as pessoas acham-se a conviver e a entreter-se. O divertimento, claro está, deve ser encarado com a espontaneidade com que é criado e com o à-vontade que ele mesmo cria. Porém, como é próprio dos seres humanos irem guardando todas as informações relativas ao seu universo, fica existindo também o ponto de vista académico, mais ou menos informado, completo, erudito. O entretenimento é assim estudado como parte da cultura de um povo, ao lado do trabalho e de outras manifestações. E os jogos populares são um capítulo relevante na cultura portuguesa da diversão. Entre nós há numerosos jogos populares, alguns tão populares que não têm regiões, outros mais restritos e, destes todos, as variantes, a adaptação local de jogos conhecidos em muitas terras. Está publicado sobre o assunto, entre outros, o livro Jogos Populares Portugueses - de jovens e adultos, de António Cabral, Editorial Notícias, 3ª ed., 1998. A obra contém a breve descrição dos jogos populares nacionais (com notas sobre jogos em Goa, Macau, Moçambique e na Galiza), algumas notas históricas, e referências a modos de divertimento que não sendo propriamente considerados jogos, se lhes aproximam por características parecidas, sendo claro o cuidado do autor em demonstrar a existência das variantes. Da malha, por exemplo, jogo popular que consiste no derrube de pinos com uma chapa de metal (a "malha"), diz António Cabral: "São muitas, de norte a sul de Portugal, as variantes deste jogo, o que lhe dá uma grande riqueza cultural, mas dificulta os torneios entre equipas de várias zonas, inclusivamente dentro da mesma região. Num torneio organizado pela ex-Junta Central das Casas do Povo de Braga foi um bico-de-obra acertar as regras entre os representantes dos diversos concelhos da zona. Mas é exactamente isso que é desejável: os traços culturais de uma comunidade devem ser respeitados. E nunca os técnicos promovam pura e simplesmente a uniformização, pois essa tentativa é desculturante." (p.41) É importante sensibilizar os jovens, nomeadamente nas escolas e no âmbito alargado da Educação Física, para a existência destas tradições portuguesas, para que não estranhem o que também lhes pertence e as possam escolher e preferir em substituição de passatempos menos pedagógicos e humanizantes. O livro contém bibliografia (pp.275-276). Do Autor publicou-se também a obra Jogos Populares Infantis.
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