quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Escola: Sucesso para os nossos filhos

Se queremos que os nossos jovens tenham sucesso na vida, então cabe-nos incentivá-los a estudar.
Ser Pai é difícil e educar um filho não é fácil. Não existe um livro, ou um manual com uma fórmula definitiva sobre como educar um jovem. Mas uma coisa parece-me certa, se queremos o melhor para os nossos filhos devemos encaminhá-los para a educação e proporcionar-lhes, na medida do possível, uma formação cultural.
O Problema
Há uns sete anos, ia eu a meio da licenciatura, quando comecei a ouvir uma frase, que, infelizmente, é hoje um chavão, e dizia o seguinte: “Para que andam estes jovens a tirar cursos, se não têm nada a ganhar com isso? Hoje, o “canudo” já não é sinónimo de emprego”. Está claro que esta afirmação é falsa e muito prejudicial para o futuro do nosso país, em geral, e da futura geração, em particular.
A Análise
Os jovens têm muito a ganhar se completarem o ensino secundário e se ingressarem numa universidade, pois uma boa educação é sinónima de esperança num futuro melhor.
É verdade que somos bombardeados por estatísticas que referem um grande número de licenciados no desemprego, mas é preciso ver que se tratam de milhares num universo de milhões de licenciados, e que esse desemprego se restringe a determinados cursos (1). Portanto, onde quero chegar é que no geral aprender compensa.
Quanto à questão de uma licenciatura não garantir emprego por si mesma, essa situação não é de agora. É necessário realizar algum esforço, e de preferência logo enquanto alunos.
Possíveis Soluções
Ao longo do ano lectivo é possível a realização de workshops, cursos de formação, voluntariado, ou actividades num núcleo estudantil. São opções que enriquecem o currículo e servem de ferramentas de trabalho. Nesta vida tudo é incerto, e cada acção nossa aumenta a probabilidade de sucesso.
É muito importante ler. Leiam o que vos der mais prazer: literatura portuguesa ou estrangeira, livros clássicos ou contemporâneos, livros de divulgação científica ou de história das ciências, manuais teóricos ou práticos, o que quiserem, mas leiam. Leiam os avós, os pais e os filhos. Em alternativa à compra de livros, existe a possibilidade de consulta em bibliotecas públicas; em terras mais isoladas existem até as bibliotecas itinerantes.
Vão aos museus e a exposições: abram os vossos horizontes. Ao Domingo grande parte dos museus são gratuitos, informem-se.
A Notícia
Na capa do jornal i vem o seguinte título: “Sucesso = Escola; Ensine esta lição aos seus filhos. Quem estuda recebe melhores salários”. No interior do jornal encontramos dados que comprovam o que tenho vindo a dizer. Na Europa, em média, os patrões pagam duas vezes mais a quem tem qualificação superior do que a quem tem apenas o secundário. Esta diferença é maior nos países com poucos universitários, em que estes recebem quase quatro vezes mais que um não-licenciado, como é o caso português. Um licenciado irá sempre auferir um ordenado maior que um colega sem licenciatura, na mesma função e com mais experiência (2).
Passemos agora da realidade, para uma situação hipotética. Imagine-se um casal sem licenciatura, em que cada um ganhe cerca de 450€ mensais. Os dois juntos, no final do mês terão 900€ disponíveis para as despesas. Agora imaginemos um casal de licenciados em que cada um recebe cerca de 800€ mensais. No final do mês terão cerca 1600€ disponíveis. Fica para reflexão.
Conclusão
A educação e o incentivo para os estudos são uma mais-valia para qualquer cidadão. Como pais, como familiares, como amigos, deveríamos incentivar os jovens a procurarem uma vida melhor. Incutir-lhes valores como o brio profissional e a ambição, para que queiram ser ainda melhores. Somos livres, podemos escolher: nada fazer, ou agir.

Notas:
(1) – Cerca de 10% de pessoas com licenciatura entre os 25 e os 29 anos estão desempregadas.
(2) – Jornal i, Quarta-feira, 8 Setembro 2010, Ano 2, nº 418, pp. 14-17

4 comentários:

J. A. Pestana disse...

Hello!

Bem, realmente já não passava por aqui há muito tempo, mas também não é por isso que vou fazer cerimónia e deixar de mostrar o meu desacordo com um pontinho ou dois, né? ^^

Levas-me muito a mal se eu não acreditar, ou melhor, questionar o quão tendenciosa será, a afirmação dos apenas 10% de desempregados com licenciatura?
É que mesmo que a coisa ronde esse número (que me parece baixinho demais, mas também não tenho dados reais que possa discutir :P), pergunto eu que empregos terão esses tais 90% de licenciados empregados, e o quão relacionados com a sua área académica serão.

Muitos de nós acabam por enveredar por empregos para os quais provavelmente não precisariam do nível de educação académica atingido, e os quais fazemos mais por sobrevivência do que propriamente por gosto.
Assim, deixo aqui a dúvida no ar: sim, ter qualificações é bom, mas até que ponto elas nos são realmente úteis, dado que muitas vezes acabamos por não ter sequer oportunidade de as usar.


Abraço, keep up the good work!

João Lourenço Monteiro disse...

Bom dia, novamente! (comecei por responder ao texto anterior) :D

Vamos lá a este.

Gosto de pessoas que lêem os textos com um olhar crítico, e a tua observação foi assaz pertinente. Contudo, eu não disse isso :)
Ou seja, eu não disse que do total de desempregados, desses, 10% eram licenciados (o que seria um nº relativamente baixo). O que eu disse, baseado na notícia, era que do total de licenciados 10% estavam desempregados (o que é um nº relativamente elevado).
Tenho uma outra notícia em casa (mês de Julho) que poderá esclarecer, ou não, estes valores. Como hoje estou a trabalhar, pode ser que logo me lembre de verificar isso.

No mesmo parágrafo focaste outro ponto interessante: o facto de muitos licenciados empregados não exercerem na sua área. E aqui há pelo menos 2 situações: não estão a exercer na área do seu curso por questões de subsistência/sobrevivência (como referiste) ou então por opção.

Partindo do princípio que uma pessoa tira um curso que goste, lamento que não tenha possibilidade de exercer na sua área, mas também aqui há vários a factores a ter em conta, sendo que não convém generalizar, e,por isso, não irei desenvolver correndo o risco de deixar aqui um testamento :) mas podemos abordar o tema quando nos encontrarmos.

Eu fui ensinado a olhar para os estudos, logo qualificações, como uma ferramenta, para que esta nos sirva como uma mais-valia no futuro e que possibilite a nossa sobrevivência/subsistência. Ou seja, para que a possas usar no emprego que pretendes exercer no futuro.
Vou dar-te um exemplo concreto, o meu:
Queria fazer investigação em Biologia, logo tirei o curso; quis aprender mais sobre Hist. das Ciências, fiz uma tese na área; apaixonei-me por gastrópodes terrestres, vim parar ao IPM; interesso-me por gestão, tenho obtido informação sobre o tema de um modo autodidacta, e, quem sabe, no futuro, também não monto uma empresa? Agora, não podemos esquecer que tudo isto exige muito tempo e dedicação. É claro que o esforço será tanto menor, quanto mais gostares do que fazes, daí ser importante fazer algo de que se goste.

Concluo com uma frase que escrevi no texto inicial, e que reflecte a minha crança. "No GERAL aprender compensa". Estou consciente que nem tudo corre bem para muitas pessoas, mas também aí há vários factores a ter em conta.

Como diria uma das minhas professoras de filosofia: "este tema dá pano para mangas" :)

Abraços

J. A. Pestana disse...

Desculpa ir eventualmente fazer duplo post, mas agora não tenho exactamente possibilidade de me estar a alargar com a resposta, mas não posso deixar de dizer já que não, eu não percebi mal :P

tu disseste o que eu disse, se calhar não me exprimi correctamente o suficiente para ser entendido, mas era a mesma mensagem =) e volto a dizer, do universo de licenciados, apenas 10% estarem desempregados parece-me à mesma um número baixinho :P depois tens então que me mostrar esses numeros do outro artigo, porque isso deixou-me muito curioso.

Do resto depois logo escrevo mais qualquer coisinha, mas do que li na diagonal, posso dizer que sim, concordo que aprender é sempre uma mais valia, melhor estar preparado para alguma coisa, do que não estar preparado para nada :P

No entanto, o que presumo que tenhas querido dizer com "Estou consciente que nem tudo corre bem para muitas pessoas, mas também aí há vários factores a ter em conta." levanta-me outra dúvida, que é se para os casos em que a coisa não corre pela positiva há vários factores a ter em conta, então porquê nos casos positivos realçar tanto a Educação como força motriz por detrás do sucesso. Isso é faccioso, Joãozinho... :P

Depois logo escrevo mais qualquer coisinha sobre isso. Abraço!

João Lourenço Monteiro disse...

Bom dia.
Encontrei as informações estatísticas que mencionei anteriormente.
Referia-me a um suplemento da revista Sábado (parte integrante da edição nº 321), que afirma que de um total de 539.957 desempregados, 43.547 têm habilitação superior, o que corresponde a cerca de 8% de licenciados desempregados (os autores basearam-se em dados de Maio de 2010).

No suplemento da revista Visão da semana passada,também dedicado à relação entre universidade, emprego e inovação, temos os seguintes dados: em 592.200 desempregados, 54.000 têm habilitação superior (cerca de 9%).

Voltarei a abordar este tema de uma diferente perspectiva, em breve.