domingo, 15 de junho de 2008

LusoExpedição OLYMPUS 2008

Encontrou-se a decorrer, pelo terceiro ano consecutivo, uma importante expedição no Oceano Atlântico a bordo do Navio de Treino de Mar (NTM) Creoula da Marinha Portuguesa, realizada por investigadores Portugueses. Refiro-me à “LusoExpedição OLYMPUS 2008”, que terminou hoje, organizada pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (ULHT) , que contou com a participação de investigadores de outras instituições, tais como Universidade Fernando Pessoa, Universidades de Lisboa, do Algarve, de Aveiro e dos Açores, Instituto Superior de Psicologia Aplicada, Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves e Universidade de Amesterdão.
Esta expedição oceanográfica levou equipas de mergulhadores às profundezas do Banco de Gorringe, que se encontra localizado entre Portugal Continental e o arquipélago da Madeira. Nesta missão embarcaram biólogos marinhos, oceanógrafos, químicos e cerca de 30 estudantes universitários.
O Dr. Pinto de Abreu, coordenador desta missão e Vice-Reitor da ULHT, referiu que “depois das duas edições anteriores que se pautaram por um enorme sucesso, continuamos este ano com uma missão de caracterização de zonas remotas do mar Português, numa altura em que se está a aproximar a data de entrega do projecto que vai permitir expandir o território marinho sob jurisdição portuguesa nas Nações Unidas em 2009”.
No Blog do Núcleo de Biologia da ULHT (BioCEL), que também está a divulgar esta actividade podemos ler o seguinte:
“Durante a última grande glaciação, a Glaciação de Wurm (há cerca de 18ooo anos) o nível médio das águas do Oceano Atlântico estava aproximadamente 150 m mais abaixo do que se encontra hoje em dia. Este processo durou vários milhares de anos, fazendo com que muitas montanhas que estão actualmente submersas, formassem outrora ilhas ou até mesmo arquipélagos. Assim, um conjunto destes montes submarinos como é o caso do Banco de Gorrige, podem ser utilizados como uma ponte de passagem para as espécies marinhas de proveniência europeia em direcção ao Arquipélago da Madeira e dos Açores, aproveitando correntes marinhas favoráveis. Este Banco encontra-se numa montanha submarina com cerca de 5000 m que faz parte de uma cordilheira que se estende desde o sul de Portugal até ao Arquipélago da Madeira (cerca de 9500Km2 de extensão). Nesta Cordilheira encontram-se também outros bancos conhecidos, como é o caso do Banco de Ampère e o de Josephine. O Banco de Gorringe encontra-se localizado a sudoeste do Cabo de São Vicente, a uma deistância de cerca de 200 Milhas náuticas (Latitude N 36º 32’ Longitude W 011º 33’).”
Ainda através da mesma fonte, são dados a conhecer os objectivos e metodologias desta missão:
“Este projecto pretende testar duas hipóteses científicas realizadas com a evolução e colonização da fauna marinha do Atlântico Nordeste, prosseguindo o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido nas expedições anteriores:
Como actuarm este spicos submarinos no passado e como actuam agora: como pedras de passagem, ou refúgios intermédios na dispersão da fauna a longa distância?
Estarão as populações marinhas ali existentes geneticamente isoladas das de Portugal Continental, Madeira e Açores?
Para testar as hipóteses referidas, levaremos a a cabo uma série de metodologias normalmente utilizadas neste tipo de estudos ecológicos:
Transectos (linhas de recolha de larvas no plâncton ao longo de todo o percurso);
Mergulho com escafandro autónomo que possibilite:
a) seleccionar e recolher algumas espécies modelo;
b) construir uma colecção de referência e descrever novas espécies;
c) estabelecer as actuais relações biogeográficas dos organismos recolhidos utilizando marcadores genéticos apropriados;
d) amostrar cuidadosamente áreas definidas com diferentes povoamentos de organismos
e) bentónicos para estudos ecológicos quantitativos;
f) descrever as comunidades associadas a estes picos.”

Num comunicado à imprensa, a organização refere a possibilidade de usar venenos produzidos por organismos marinhos na biomedicina. A título de exemplo refiro os estudos realizados pelo Professor Gonçalo Calado com Opistobrânquios (gastrópodes marinhos, exemplo: lesma-do-mar).
As anteriores expedições já revelaram os seus frutos. O trabalho dos investigadores teve expressão em publicações científicas internacionais e os organizadores afirmam que esta missão ainda não atingiu todo o seu potencial. Podemos pois especular que para o ano possa haver uma nova expedição com novos objectivos e com resultados que contribuam para o maior conhecimento da nossa geografia, fauna e flora marítimas e que se consiga chegar a avanços na área da biomedicina.


Patrocinadores: Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Olympus, N. T. M. Creoula, Nautilus-Sub, Generali Companhia de Seguros, Tranemo workwear, BioAlvo, Reagente 5, V. Reis, PVL, LabCel.

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