terça-feira, 24 de março de 2009

A incoerência da República

Apenas recentemente me deparei com a incoerência à volta de: «“A República” de Platão».
Reparem, “A República” é uma obra escrita pelo filósofo grego Platão. Até aqui tudo bem, isto é cultura geral. A minha falha foi nunca ter meditado no facto do autor ser grego e, o título da obra derivar do Latim Res Publica (coisa do povo). De facto, só me apercebi de tal ao comprar o livro, onde li que inicialmente a obra ter-se-ia chamado Politeia e posteriormente foi traduzida para Latim, por Cícero.
Elísio Gala, que é quem traduz a obra para português, escreve no prefácio:

“(...) o principal sentido de politeia é o de o modo como uma polis é governada, quer no sentido de regime, de forma de governo, quer no sentido de constituição.”[1]

E, mais à frente, continuamos com a nossa viagem etimológica. Ficamos a saber que governante/estadista deriva de “politikos – o que sabe as coisas da Cidade”, que política deriva de “politika – que tem a ver com a Cidade” e que cidadão vem de “polites – o que pertence à Cidade” . Todas estas palavras têm origem em polis, isto é, na comunidade de homens interessados no bem do povo.[2]


[1] Platão, A República, Guimarães Editores – Colecção Filosofia e Ensaios, Lisboa, 2005 – tradução, prefácio e notas de Elísio Gala, p.XI
[2] Idem, p. XII

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