A importância das Memórias Paroquiais de 1758 é assinalável. Trata-se de um documento único que retrata amplamente o País tal como era nos meados do século XVIII. E tal como o deixou o terramoto onde fez estragos. Nem sempre restam documentos tão eloquentes sobre o passado e muitas lacunas têm irremediavelmente permanecido nas narrações históricas. Para se ter uma ideia do valor destes documentos, deixa-se um excerto. São as respostas dadas ao inquérito de que se falou no texto anterior, pela freguesia de S. Tomé de Abação, concelho de Guimarães e distrito de Braga. É também o primeiro do livro que agora se compilou. Acabou de redigir o documento em 22 de Maio de 1758 o Abade de S. Tomé de Abação (Manoel Teixeira Azevedo), assistido pelo Abade do Salvador de Pinheiro (Joze Alvez Tumo de Gouveia) e pelo Abade de Santa Eulália (Domingos Lopes). É mantida a forma da transcrição dos organizadores da obra.
“P.1
1º.Na provincia de Entre-Douro-e-Minho, arcebispado de Braga, Primas das Espanhas, vezita de Montelongo termo e comarca da villa de Guimaraens, fica a freguezia de S. Thome de Abbação.
2º.Hé de el-Rey e prezide nella hum abbade.
3º.Vizinhos, tem setenta e seis; pessoas de comunhão, duzentas; e pessoas de menores, trinta e dois.
4º.Está sitoada nas costas da serra de Santa Catherina; e como fica em hum alto, descobre para a aprte poente oyto legoas, e no espaço destes campos e vales, pondo termo a esta vista o mar. Para a parte do Norte não tem vista senão a ultima altura da serra de Santa Catherina, como também para o Nascente. Para a parte do Sul descobre muytos vales e serras.
5º.Pertence ao termo da villa de Guimaraens e à sua comarca.
6º.A parochia não tem logar vezinho senão as cazas da rezidencia do reverndo abbade que estam mistas à mesma igreja e sam as milhores que hão na freguezia, ficando-lhe de fortes as hortas e pumar e varios prados. (...) A igreja na sua arquitectura hé das milhores que tem toda esta redondeza; está feita ao moderno com dois campanarios rematados com três pirâmides de pedra; e na do meyo huma crus de ferro com sua bandeyra que mostra as variedades dos tempos. (...) No frontespicio tem hum nixo de nove palmos com huma imagem de Nossa Senhora com o titolo das Necessidades com sua vidraça por diante. (...)
Alde[i]as
13º.Tem esta freguezia no seu destricto quarenta logares, digo quarenta e quatro. (...)
15º.Os frutos destas terras são: pão do milho, milho branco pahinço e senteyo e algum trigo, castanhas e frutas de toda a casta. A mayor abundancia hé de milhão, senteyo, feyjão e pahinço.
16º.Não tem juis ordinario. São o[s] seculares governados pela Justiça de Guimaraens, os ecleziasticos pella cidade de Braga.
(...)
19º.Não tem feyra.
P.4
20º.Não tem correyo mas sim se servem com o de Guimaraens, em que dista pouco menos de huma legoa, o qual parte à Sexta-feira e chega ao Domingo.
21º.Dista esta freguezia da cidade de Braga três legoas e meya, de Guimaraens pouco menos de huma; da de Lisboa sesentta.
(...)
Nesta forma tenho dado complemento à ordem do senhor Doutor Provizor da cidade de Braga, com os reverendos parochos vezinhos na forma mandada, e asiney com elles dittos abayxo.
Hoje, 22 de Mayo de 1758 annos
as)Manoel Teixeira Azevedo, abbade de S. Thome de Abbação
as)Joze Alves Tumo Gouveia, abbade do Salvador de Pinheiro
as)Domingos Lopes, abbade de Santa Eulallia de Pentieyros”[1] Notas:
[1] Memórias Paroquiais, introdução, transcrição e índices de João Cosme e José Varandas, vol. I [Abação-Alcaria], Casal de Cambra, Centro de História da Universidade de Lisboa – Caleidoscópio, 2009, pp.3-8.
“P.1
1º.Na provincia de Entre-Douro-e-Minho, arcebispado de Braga, Primas das Espanhas, vezita de Montelongo termo e comarca da villa de Guimaraens, fica a freguezia de S. Thome de Abbação.
2º.Hé de el-Rey e prezide nella hum abbade.
3º.Vizinhos, tem setenta e seis; pessoas de comunhão, duzentas; e pessoas de menores, trinta e dois.
4º.Está sitoada nas costas da serra de Santa Catherina; e como fica em hum alto, descobre para a aprte poente oyto legoas, e no espaço destes campos e vales, pondo termo a esta vista o mar. Para a parte do Norte não tem vista senão a ultima altura da serra de Santa Catherina, como também para o Nascente. Para a parte do Sul descobre muytos vales e serras.
5º.Pertence ao termo da villa de Guimaraens e à sua comarca.
6º.A parochia não tem logar vezinho senão as cazas da rezidencia do reverndo abbade que estam mistas à mesma igreja e sam as milhores que hão na freguezia, ficando-lhe de fortes as hortas e pumar e varios prados. (...) A igreja na sua arquitectura hé das milhores que tem toda esta redondeza; está feita ao moderno com dois campanarios rematados com três pirâmides de pedra; e na do meyo huma crus de ferro com sua bandeyra que mostra as variedades dos tempos. (...) No frontespicio tem hum nixo de nove palmos com huma imagem de Nossa Senhora com o titolo das Necessidades com sua vidraça por diante. (...)
Alde[i]as
13º.Tem esta freguezia no seu destricto quarenta logares, digo quarenta e quatro. (...)
15º.Os frutos destas terras são: pão do milho, milho branco pahinço e senteyo e algum trigo, castanhas e frutas de toda a casta. A mayor abundancia hé de milhão, senteyo, feyjão e pahinço.
16º.Não tem juis ordinario. São o[s] seculares governados pela Justiça de Guimaraens, os ecleziasticos pella cidade de Braga.
(...)
19º.Não tem feyra.
P.4
20º.Não tem correyo mas sim se servem com o de Guimaraens, em que dista pouco menos de huma legoa, o qual parte à Sexta-feira e chega ao Domingo.
21º.Dista esta freguezia da cidade de Braga três legoas e meya, de Guimaraens pouco menos de huma; da de Lisboa sesentta.
(...)
Nesta forma tenho dado complemento à ordem do senhor Doutor Provizor da cidade de Braga, com os reverendos parochos vezinhos na forma mandada, e asiney com elles dittos abayxo.
Hoje, 22 de Mayo de 1758 annos
as)Manoel Teixeira Azevedo, abbade de S. Thome de Abbação
as)Joze Alves Tumo Gouveia, abbade do Salvador de Pinheiro
as)Domingos Lopes, abbade de Santa Eulallia de Pentieyros”[1] Notas:
[1] Memórias Paroquiais, introdução, transcrição e índices de João Cosme e José Varandas, vol. I [Abação-Alcaria], Casal de Cambra, Centro de História da Universidade de Lisboa – Caleidoscópio, 2009, pp.3-8.
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