quarta-feira, 29 de junho de 2011

O olho humano e a complexidade irredutível


A propósito deste artigo publicado na revista Scientific American(1), esta parece-me uma boa ocasião para,
uma vez mais, desmistificar esta falsa questão: como foi possível a evolução do olho humano?

Segundo os proponentes do ‘Design Inteligente’ e do conceito de ‘Complexidade Irredutível’, o olho humano seria o exemplo perfeito de uma estrutura que não funcionaria sem todas as suas partes e, portanto, com uma complexidade irredutível, que não pode ser reduzida em nenhum dos seus componentes sem o risco de deixar de cumprir a sua função por completo.

Já em 1987, Richard Dawkins, no seu documentário The Blind Watchmaker(2), deitava por terra este argumento, demonstrando com uma simples experiência de óptica como era possível, em pequenos passos, chegar desde uma estrutura foto-receptora simples até ao complexo olho dos vertebrados (e do polvo).


(ver min 7:55)


Em 2010, Dawkins volta a abordar esta questão neste programa da BBC:



Na verdade, como o Prof. Dawkins bem explica, no reino animal encontramos espécies com diferentes graus de desenvolvimento das suas estruturas foto-receptoras (os olhos). Por si só, uma evidencia da evolução do olho.

Ainda assim, este argumento de William Paley continua a ser usado pelos criacionistas (disfarçados de 'cientistas da criação') como evidência da existência de um designer para a vida e, desta forma, negarem a teoria da evolução.

O artigo supracitado apresenta uma série de resultados científicos obtidos ao longo dos últimos anos na área da embriologia e da genética que inclusivamente sugerem que “o nosso olho ‘tipo-câmara’ tem uma origem muito mais antiga que o até agora suposto e que, antes de operar como um órgão visual, servia como um detector de luz que modulava os ritmos circadianos dos nossos distantes ancestrais”.

Será que desta vez, definitivamente, se abandona o uso desta “prova” pseudo-científica a favor do Criacionismo (perdão, Design Inteligente)?


Referências:

(1) Lamb, T. D. 2011. Evolution of the Eye. Scientific American July

(2) The Blind Watchmaker, 1987. BBC. [Também em livro: Dawkins, D. 1986. The Blind Watchmaker: Why the Evidence of Evolution Reveals a Universe without Design. W. W. Norton & Company, 496pp]