sábado, 12 de abril de 2008

História Regional de Portugal - Os protagonistas menos visíveis I

Se a História é o relato fundamentado em provas ou indícios convincentes do passado, é também certo que os factos não ocorrem sem uma origem: pode ser, por exemplo, uma tempestade, gerada pela Natureza, mas pode também ser um facto humano, que só tem lugar porque um Homem agiu de certo modo. À História têm interessado essencialmente os factos humanos. Em Portugal são publicadas todos os anos várias obras que divulgam factos novos ou que colocam outros pontos de vista sobre os mesmos problemas. Porém, a História Regional continua, em geral, mal conhecida. Pode dizer-se que Afonso Costa (1871-1937), político, foi um republicano que influenciou o País em geral, mas o que fazer à memória de homens como António Pinto Rodrigues (1864-1934), de origens alentejanas, oficial do Exército, republicano e Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Portalegre em 1911? (1) É óbvio que um homem que ocupava cargos tão relevantes influenciava a sociedade do seu tempo e, portanto, merece tanto uma referência como Afonso Costa. Ficarmo-nos pelo dito "essencial" da História, pelo elementar, é esquecer que a Memória é a lembrança que devemos não a um grupo restrito de indivíduos, mas a uma sociedade inteira de pessoas que, nas suas vidas, fizeram do nosso País o que ele foi. Além disso, a História de Portugal será sempre desconhecida e incompleta, enquanto não se reunirem todos os factos e protagonistas que em todos os tempos e lugares fizeram este País Total. Neste sentido, é inútil discutir se Afonso Costa foi mais ou menos importante do que António Pinto Rodrigues, pois ambos fizeram parte do mesmo todo e dele são igualmente inseparáveis. Assim, o Armarium Libri pensa que é um serviço que prestam à nossa História aqueles que se têm dedicado à memória das regiões. Porque em História não há personagens principais e secundárias, mas uma comunidade em que uns, por força das circunstâncias, ficaram, para a memória futura, menos visíveis que outros.


(1) António Ventura, A Maçonaria no Distrito de Portalegre, Caleidoscópio, 2007, pp. 142-143

Sem comentários: